# io resto a casa: vozes (in)ativas e (res)significadas

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DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2020v25n2p78

Resumo

Ao pensar na poética e na potência da voz em tempos de pandemia, este artigo pretende lançar algumas reflexões sobre a (res)significação da voz durante o confinamento. Privados do corpo, do contato físico, a voz potencializa-se, em contextos poéticos ou não. Ficamos sem imagem, mas não podemos ficar sem a voz, tornamo-nos combatentes de uma grande máquina de guerra, como já afirmava Freud, em 1915, combatemos ou estagnamos e, dessa forma, (re)encontramos nossos estilhaços no espelho e reorganizamos a imagem. Com base em A letra e a voz, de Paul Zumthor (2001), e no texto “Cultura é memória”, de Jerusa Pires Ferreira (1995), toma-se como exemplo a Ratoeira, praticada no litoral catarinense, para pensar a relação da voz e da memória. É um artigo que resulta de pesquisas bibliográficas sobre a relação do corpo e da voz, sobre a manifestação popular de tradição oral chamada Ratoeira e que procura ligações com o momento atual da pandemia, no qual estamos reaprendendo a escutar e a combater com palavras. Para esse combate, a voz e a literatura desempenham importante papel.

Biografia do Autor

Daniela Bunn, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina, atua no Departamento de Metodologia do Ensino do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Traduziu treze livros de literatura infantil (italiano/português e português/italiano). Tem artigos publicados na área de literatura, tradução, metodologias do ensino de português e de italiano.

Referências

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Publicado

2020-10-06

Como Citar

BUNN, Daniela. # io resto a casa: vozes (in)ativas e (res)significadas. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 25, n. 2, p. 78–85, 2020. DOI: 10.5007/2175-7917.2020v25n2p78. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2020v25n2p78. Acesso em: 3 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê "Poéticas da Voz"