Homens em tempos de umbra: Cruz e Sousa e Benjamin
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e84257Palavras-chave:
Cruz e Sousa, Espaço urbano, Walter BenjaminResumo
Nesse artigo, o poema em prosa "Umbra”, de João da Cruz e Sousa (2008 [1891]), é tomado como epítome do espaço urbano derruído, reportando-o a Charles Baudelaire e ao poema pós-simbolista “Sub-umbra”, de Artur de Sales (1987 [1950]), como enunciação do estranhamento saturnino (Giorgio Agamben) e da renúncia (Paul Valéry) em justaposição ao conceito de “fugacidade eterna” (BENJAMIN, 2006). Nessa dialética, a imagem do afloramento calcário descrito em Umbra encontra as relações entre memória e estratigrafia de Walter Benjamin e, tendo por objeto esse “quadro micrológico da cultura cotidiana” (BOLLE, (2006 [1994]), o poema em prosa do século XIX se desdobra em textos contemporâneos – devir-barro no romance de Itamar Vieira Júnior; geocrítica de José Miguel Wisnik; tugurização e contra-arquitetura de Antonio José Ponte e simbolismo experimental de Claudio Daniel – e no site-specific Testemunho, do artista Daniel de Paula, à procura de registrar a fugacidade urbana em seu devir-natureza. Nessa deriva de leituras, Cruz e Sousa e Benjamin se aproximam em outra “imagem do pensamento”.
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