Agustina Bessa-Luís e as mulheres

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e87246

Palavras-chave:

Mulheres, Metamorfose, Ekfrase, Sororidade, Queer

Resumo

A personagem central da obra da romancista é a de Quina, a Sibila que deu o título ao romance emblemático A Sibila (1954) e que fica como referência ao longo da obra. A partir daí, este artigo examina como Agustina Bessa-Luís encena um universo ficcional construído à volta das personagens femininas e no qual interagem romance, biografia e autobiografia. Repudiando a etiqueta de feminista, a romancista cria o seu mundo mítico de sororidade, cujas protagonistas se afirmam contrariando a sociedade falocêntrica na qual evoluem. Este mundo é também habitado por estranhas criaturas em devir que conjugam a metamorfose sob múltiplos aspetos e a quem a autora confere o poder mágico da expressão. Neste sentido, ela alicerça o seu discurso numa simbiose ekfrástica com várias artistas plásticas portuguesas. A partir daí, analisarei uma visão do humano religada a correntes de pensamento novadoras, como o queer, o care ou a eco-ética e/ou eco-poética, o que me levará a procurar novas aborgagens críticas.

Biografia do Autor

Catherine Dumas, Universidade Sorbonne Nouvelle

Professora emérita de literaturas de língua portuguesa na universidade da Sorbonne Nouvelle-Paris 3. É autora da primeira tese de doutoramento em França sobre a obra da romancista portuguesa Agustina Bessa-Luís e de um livro sobre a mesma autora, Estética e Personagens (Campo das Letras, 2001). Interessa-se em especial no cruzamento das escritas do íntimo e do discurso poético, nas questões de género, no diálogo inter-artes e entre os textos literários e a filosofia no âmbito da literatura-mundo. Organizou numerosos livros colectivos e publicou artigos sobre a ficção contemporânea e a poesia de língua portuguesa. Organizou e prefaciou o volume Salette Tavares Obra Poética. 1957-1994 que está no prelo na coleção Plural de Imprensa nacional, Lisboa. Mantém uma actividade intensa de traducão de poesia do português para o francês.

Referências

BESSA-LUÍS, Agustina. Mundo Fechado. Coimbra: Mensagem, 1948.

BESSA-LUÍS, Agustina. A Sibila. Lisboa: Guimarães Editores, 1954.

BESSA-LUÍS, Agustina. Embaixada a Calígula. Lisboa: Livraria Bertrand, 1961.

BESSA-LUÍS, Agustina. A Brusca. 1.ed. Lisboa: Editorial Verbo, 1971. (Biblioteca Básica Verbo). v. 30.

BESSA-LUÍS, Agustina. Longos Dias têm Cem Anos. Presença de Vieira da Silva. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1982.

BESSA-LUÍS, Agustina. Introdução. In: YOURCENAR, Marguerite. O Golpe de Misericórdia. Trad. de Rafael Gomes Felipe. Lisboa: Dom Quixote edições, 1987, p. 09-22.

BESSA-LUÍS, Agustina. Alegria do Mundo, I. Lisboa: Guimarães Editores, 1996.

BESSA-LUÍS, Agustina. Alegria do Mundo, II. Lisboa: Guimarães Editores, 1998.

BESSA-LUÍS, Agustina. Contemplação Carinhosa da Angústia. Lisboa: Guimarães Editores, 2000.

BESSA-LUÍS, Agustina. As Meninas. Lisboa: Guerra e Paz, 2001.

BESSA-LUÍS, Agustina. O Livro de Agustina. Lisboa: Editora Guerra e Paz, 2002.

BESSA-LUÍS, Agustina. A Ronda da Noite. Lisboa: Guimarães Editores, 2006.

BESSA-LUÍS, Agustina. Metamorfoses. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2007.

BUTLER, Judith. Gender Trouble: Feminism and the subversion of Identity. New York: Routledge 1990.

COUTINHO, Ana Paula. Para o autoretrato do escritor enquanto hermeneuta do mundo: Agustina em notas perigráficas. In: PIRES DE

LIMA, Isabel; PONCE DE LEÃO, Isabel; FONSECA, Luís Adão da; ARAÚJO, Sofia (Coord.). Ética e Política na obra de A B-L. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2017, p. 23.

DAL FARRA, Maria Lúcia. A mística em Agustina Bessa-Luís e Clarice Lispector. Revista Chilena de Literatura, n. 88, p. 63-76, 2014.

DUMAS, Catherine. As mediações femininas na obra de Agustina Bessa-Luís: repensar o estatuto do artista na nossa contemporaneidade. In: PIRES DE LIMA, Isabel; PONCE DE LEÃO, Isabel; FONSECA, Luís Adão da; ARAÚJO, Sofia (Coord.). Ética e Política na obra de A B-L. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2017, p. 57-65.

DUMAS, Catherine. Du sang et des ailes. La métamorphose chez Graça Morais et Agustina Bessa-Luís. Sigila, n. 48, p. 37-52, 2018.

GENETTE, Gérard. Figures III. Paris: Le Seuil, 1972. [col. Poétique]

GILLIGAN, Caroll. In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development. Cambridge: Harvard University Press, 1982.

JORGE, Lídia. Óbito: Agustina “deixa uma das obras mais importantes do século XX” – Lídia Jorge”. Diário de Notícias, 3 jun. 2019. Disponível em: https://www.dn.pt/lusa/obito-agustina-deixa-uma-das-obras-mais-importantes-do-seculo-xx---lidia-jorge--10971357.html. Acesso em 13 nov. 2022.

LENTINA, Alda M. Questions de gen ortugalrtugal: le cas d’Agustina Bessa-Luís. Iberic@l, n. 13, p. 165, 2018.

LOPES, Silvina Rodrigues. O excesso da destinação como performatividade errante. In: PIRES DE LIMA, Isabel; PONCE DE LEÃO, Isabel; FONSECA, Luís Adão da; ARAÚJO, Sofia (Coord.). Ética e Política na obra de A B-L. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2017, p. 191-197.

LOURENÇO, Eduardo. Desconcertante Agustina: a propósito de Os Quatro Rios. O tempo e o Modo, n. 22, p. 110-117, 1964.

MENDES, Maria do Carmo. Agustina: eco-ética do/no feminino. In: PIRES DE LIMA, Isabel; PONCE DE LEÃO, Isabel; FONSECA, Luís Adão da; ARAÚJO, Sofia (Coord.). Ética e Política na obra de A B-L. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2017, p. 133-150.

PIRES DE LIMA, Isabel. Agustina, a conservadora subversiva. Mea Libra, p. 28-29, 2007.

RÊGO, Isabel da Silva. Marguerite Yourcenar em Portugal. Alguns aspectos da sua recepção. 2000. Dissertação (Mestrado em Estudos Franceses). – Departamento de Línguas e Culturas, Universidade de Aveiro, Aveiro, 2000.

TRONTO, Joan C.; COHEN, Cathy J.; JONES, Kathleen B. Woman transforming politics: an alternative reader. New York: New York University Press, 1997.

Downloads

Publicado

2022-12-05

Como Citar

DUMAS, Catherine. Agustina Bessa-Luís e as mulheres. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 27, p. 01–17, 2022. DOI: 10.5007/2175-7917.2022.e87246. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/87246. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê 100 anos de Agustina Bessa-Luís