Individualismo versus união em O banqueiro anarquista, de Fernando Pessoa

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e101040

Palabras clave:

Literatura Portuguesa, anarquismo, abjeção, novela filosófica

Resumen

Neste artigo, valemo-nos da obra O Banqueiro Anarquista [1922] de Fernando Pessoa e da Teoria da Abjeção conforme Dostoiévski e Genet para a descrição funcional dos modos como o conceito de União é usado e as suas repercussões pragmáticas. A associação de Verdade e Realidade com União dá-se, em linhas gerais, pela premissa geral de que apenas com a União é possível a mudança da Realidade (uma operação-verdade tomada como dogma) e que essa União deve ser Verdadeira e/ou Real para que seja efetiva. Tem por argumento que a ação individual seria quantitativamente irrelevante à mudança social, o que é exato, mas insuficiente para a compreensão dos processos de mudança social. Como o próprio banqueiro anarquista o afirma – e em nosso trabalho a obra é tomada como uma novela filosófica –, as ações individualistas balizadas pelos princípios anarquistas de não-criação de tirania nova seriam as responsáveis pela mudança social, sendo a União apenas um recorte de observação científica, mas não um fenômeno em si mesmo.

Biografía del autor/a

Rafael Sarto Muller, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutor em Letras (Literaturas de Língua Portuguesa) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

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Publicado

2025-03-07

Cómo citar

MULLER, Rafael Sarto. Individualismo versus união em O banqueiro anarquista, de Fernando Pessoa. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 30, p. 01–16, 2025. DOI: 10.5007/2175-7917.2025.e101040. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/101040. Acesso em: 31 mar. 2025.

Número

Sección

Artigos