Das Vidas secas ao Recife frio: o diálogo literário regionalista na criação audiovisual neorregionalista de Kleber Mendonça Filho
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e103107Palavras-chave:
espaço, imaginário, neorregionalismo, Recife Frio, Kleber Mendonça FilhoResumo
O imaginário coletivo de uma sociedade é construído em paralelo à formação ideológica dos sujeitos. Esta, por sua vez, é criada a partir da interação entre os seres e o seu meio, condicionando a agência psíquica e comportamental emergida pela interseção entre ambos. Nesse sentido, ao alterarmos as condições espaciais de determinada comunidade, acarretará mudanças não apenas físicas, mas socioculturais. Esta é uma discussão proposta ao analisarmos o curta-metragem Recife frio (2009), de Kleber Mendonça Filho, em diálogo com a obra Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos. Tem-se como objetivo explanar como a estética narrativa regionalista atua na criação audiovisual neorregionalista de Kleber Mendonça Filho, ao tempo que se verifica como o cineasta atualiza a problemática da condição subalterna da população nordestina frente à necessidade de adaptação geopolítica contemporânea. Para tanto, apoiamo-nos nas ideias discursivas de Jean-Claude Bernardet (2007); Michel de Certeau (1998); Wolfgang Iser (2013); Sylvie Debs (2010), entre outros. De acordo com o estudo, foi possível perceber que a formação da estética neorregionalista recorre aos preceitos regionalistas agora vigorados de discursos atuais, frente às manifestações adaptativas da época de produção. Dessa forma, as narrativas audiovisuais neorregionalistas de Kleber Mendonça Filho têm como âncora o diálogo com a estética literária de outrora.
Referências
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