O samba moderno em questão: a resistência na palavra dos malandros do Estácio de Sá
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e105520Palabras clave:
poesia brasileira, samba moderno, malandragem, Estácio de SáResumen
O presente texto analisa o samba moderno como forma de resistência cultural. Por meio das letras dos sambas, evidencia-se a estratégia narrativa dos malandros do bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, nas décadas de 1920 e 1930. É realizada uma abordagem histórica e crítica, baseada em documentos de arquivo, letras de sambas e análises de obras de autoras como Claudia Matos e Giovanna Dealtry, para compreender tanto o contexto social quanto a produção poética e literária dos malandros que foram marginalizados pelo sistema racista e opressor. Esses sambistas-malandros ecoaram a palavra cantada e o samba para criticar as condições de trabalho, a exploração do corpo do homem negro e a precarização da vida. Por meio de uma análise das letras de “Se você jurar” e “O que será de mim”, o texto revela que a malandragem foi reinterpretada como uma estratégia de sobrevivência e resistência, criando uma estética única que influenciou a cultura brasileira. Dessa forma, é possível concluir que o samba do Estácio foi uma ferramenta política de reafirmação da presença e da produção cultural negra na sociedade carioca, reivindicando espaço e cidadania.
Citas
AZEVEDO, Luiz Mauricio. Estética e raça: ensaio sobre a literatura negra. Porto Alegre: Sulina, 2021.
BORGES, Juliana. O que é: encarceramento em massa? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
CABRAL, Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.
CANDIDO, Antonio. Dialética da Malandragem (caracterização das Memórias de um sargento de milícias). Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 8, p. 67-89, 1970.
CARVALHO, Luis Fernando. Ismael Silva: samba e resistência. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
CAVALCANTI, Carlos. A cidade do samba e do amor. A Notícia, Rio de Janeiro, p. 4, 13 ago. 1930.
CONCEIÇÃO, Willian Luiz. Branquitude: dilema racial brasileiro. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2020.
CUNHA, Maria Clementina. Não tá sopa: sambas e sambistas do Rio de Janeiro de 1890 a 1930. Campinas: Editora da Unicamp, 2015.
DEALTRY, Giovanna. No fio da navalha: malandragem na literatura e no samba. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2022.
DIDIER, Carlos. Negra semente, fina flor da malandragem: samba batucado no Estácio de Sá. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2022.
FANON, Franz. Pele negras, máscaras brancas. Trad. de Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
FILHO, Antonio Candeia; ISNARD, Araújo. Escola de samba: árvore que esqueceu a raiz. Nova Iguaçu: Carnavalize, 2023.
FRANCESCHI, Humberto M. Samba de sambar do Estácio de 1928 a 1931. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2010.
GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras. São Paulo: Editora Filhos da África, 2021.
GUIMARÃES, Francisco. Na roda do samba. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1978.
HARTMAN, Saydia. Vênus em dois atos. Revista Eco-Pós, v. 23, n. 3, p. 12-33, 2020.
LACOMBE, Américo Jacobina. Rui Barbosa e a queima dos arquivos. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1998.
LOPES, Nei. Partido alto: samba de bamba. Rio de Janeiro, Editora Pallas, 2008.
MATOS, Claudia Neiva. Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
MATOS, Claudia Neiva. Ré – O malandro no samba (de Sinhô e Bezerra da Silva). In: VARGENS, João Batista de Medeiros (org.). Notas musicais Cariocas. Petrópolis: Editora Vozes, 1986. p. 35-62.
MATOS, Claudia Neiva. Poesia e música: laços de parentesco e parceria. In: MATOS, Claudia Neiva de; TRAVASSOS, Elizabeth; MEDEIROS, Fernanda Teixeira de (orgs.). Palavras cantadas: ensaios sobre poesia, música e voz. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008. p.83-98.
MALTA, Inocência. Estranhos em permanência: a negociação da identidade portuguesa na pós-colonialidade. Crítica e Sociedade: Revista de Cultura Política, Uberlândia, v. 4, n. 1, p. 71-94, jul. 2014.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.
SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
SILVA, Wallace Lopes. Sambo, logo, penso: afroperspectivas filosóficas para pensar o samba. Rio de Janeiro: Hexis; Fundação Biblioteca Nacional, 2015.
O que será de mim. Intérprete: Francisco Alves; Mário Reis. Compositores: I. Silva; N. Bastos; F. Alves. In: ODEON 10780. Intérprete: Francisco Alves e Mário Reis. Rio de Janeiro: Odeon, 1931a. 1 disco de vinil, lado B, faixa 1.
SE você jurar. Intérprete: Francisco Alves; Mário Reis. Compositores: I. Silva; N. Bastos;F. Alves. In: ODEON 10747. Intérprete: Francisco Alves e Mário Reis. Rio de Janeiro: Odeon, 1931b. 1 disco de vinil, lado B, faixa 1.
SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.
TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Lucas Garcia Nunes

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.