Legado e memórias da violência em <i>Becos da memória</i>
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2019v24n1p173Resumo
Este ensaio reflete sobre como o conceito de “violência lenta” (slow violence) (Nixon, 2011) estrutura a narrativa do romance Becos da memória (2006), de Conceição Evaristo. Nixon define a “violência lenta” como um processo diacrônico de marginalização que afeta principalmente grupos nas margens econômicas e minorias raciais. A violência lenta é também, segundo Nixon, muitas vezes menos visível. Ela se manifesta em diferentes esferas, incluindo a depredação e a marginalização ambiental. É a faceta ambiental que distingue a violência lenta da violência estrutural, ainda que ambas expressões intersectem. O texto de Evaristo revela não somente quais são as consequência da violência estrutural (Galtung, 1969), mas também como este tipo de violência influencia a experiência espacial e, pelo tanto, a vivência cotidiana, de populações pobres e racializadas. Nesse sentido, o romance de Evaristo aborda os efeitos da violência lenta sobre comunidades marginalizadas. Dessa forma, Becos da memória traz à tona, a confluência entre meio ambiente e a experiência de vida de população social e espacialmente marginalizadas.Referências
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