Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n156509

Resumo

A maior utilização da interseccionalidade no campo dos estudos de gênero tem se revelado de grande importância para a melhor compreensão das relações múltiplas e simultâneas de desigualdade. Paralelamente a isso, em particular no Brasil, é possível identificar uma tendência ao apagamento da história e dos debates teóricos que existiam antes da interseccionalidade ser nomeada por Kimberlé Crenshaw, em 1989. Consciente dessa lacuna, nesta pesquisa, de caráter bibliográfico, tem-se por objetivo realizar um apanhado geral do contexto anterior ao surgimento do termo interseccionalidade, esperando, com isso, contribuir para a manutenção do caráter crítico e transformador do conceito, além de evidenciar as lutas e produções teóricas de mulheres negras, tão frequentemente minimizadas e apagadas dentro da teoria feminista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriela M. Kyrillos, Universidade Federal do Rio Grande - FURG.

Professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Pós-doutora em Direito e Justiça Social pela mesma Universidade. Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestra em Política Social pela Univeridade Católica de Pelotas. Líder do Grupo de Pesquisa Interseccionalidades e Decolonialidades nas Relações Internacionais (INDERI/FURG).

Referências

ALVAREZ, Sonia E. “Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista”. Cadernos Pagu, Campinas, v. 43, p. 13-56, jan./jun. 2014.

BRAH, Avtar. “Diferença, diversidade, diferenciação”. Cadernos Pagu, Campinas, v. 1, n. 26, p. 329-376, jan./jun. 2006.

CARASTATHIS, Anna. Intersectionality: origins, contestations, horizons. Nebraska: University of Nebraska Press, 2016.

CARNEIRO, Sueli. “Mulheres em movimento”. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 117-132, dez. 1995.

CARNEIRO, Sueli. “Sobrevivente, testemunha e porta-voz”. CULT, São Paulo, n. 223, p. 12-20, maio 2017. (Entrevista concedida à Bianca Santana)

CARNEIRO, Sueli. “Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero”. In: ASHOKA EMPREENDIMENTOS SOCIAIS; TAKANO CIDADANIA (Orgs.). Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano, 2003. p. 49-58.

COLLINS, Patricia Hill. “Rasgos distintivos del pensamiento feminista negro”. In: JABARDO, Mercedes (Ed.). Feminismos negros: una antología. Madrid: Traficantes de Sueños, 2012. p. 99-134.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge: Polity Press, 2016.

CRENSHAW, Kimberlé. “Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics”. The University of Chicago Legal Forum, n. 140, p. 139-167, 1989.

CRENSHAW, Kimberlé. “Mapping the margins: intersectionality, identity politics, and violence against women of color”. Stanford Law Review, v. 43, n. 6, p. 1241-1299, jul. 1991.

CRENSHAW, Kimberlé. “Beyond racism and misogyny: black feminism and 2 live crew”. In: MEYERS, Diana Tietjens (Org.). Feminist social thought: a reader. New York and London: Routledge, 1997. p. 246-263.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51. ed. São Paulo: Global, 2006.

GOMES, Nilma Lino. “Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão”. In: BRASIL. Educação anti-racista: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Continuada e Alfabetização e Diversidade, 2005. p. 39-62.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982.

GONZALEZ, Lélia. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. Ciências Sociais Hoje, São Paulo, p. 223-244, 1984.

HOOKSs, Bell. “Mulheres negras: moldando a teoria feminista”. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 1, n. 16, p. 193-210, jan./abr. 2015.

KYRILLOS, Gabriela Moraes; STOLZ, Sheila. “Políticas indigenistas no Brasil: passado assimilacionista, futuro emancipatório?”. Revista Jurídica, UNICURITIBA: Curitiba, v. 1, n. 30, p. 91-111, jan. 2013.

LOPES, Joyce Souza. “Pontuações e proposições ao branco/a e à luta antirracista: ensaio políticoreflexivo a partir dos estudos críticos da branquitude”. In: V SIMPÓSIO INTERNACIONAL LUTAS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA. Anais... Paraná, 2013, p. 134-150.

MUNANGA, Kabengele. “Mestiçagem como símbolo da identidade brasileira”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

OYÌWÙMÍ, Oyèrónké. “Conceitualizando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas”. CODESRIA Gender Series, Dakar, v. 1, p. 1-8, 2004.

PEREIRA, Ana Claudia J. Pensamento social e político do movimento de mulheres negras: o lugar de ialodês, orixás e empregadas domésticas em projetos de justiça social. 2016. 245f. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.

RIBEIRO, Darcy. Os brasileiros – livro I: teoria do Brasil. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1980.

VELASCO, Mercedes Jabardo. “Introducción. Construyendo puentes: en diálogo desde/con el feminismo negro”. In: JABARDO, Mercedes (Ed.). Feminismos negros: una antología. Madrid: Traficantes de Sueños, 2012. p. 27-56.

Downloads

Publicado

2020-06-05

Como Citar

Kyrillos, G. M. (2020). Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade. Revista Estudos Feministas, 28(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n156509

Edição

Seção

Artigos