#paslui: feminismos brasileiros no hexágono europeu

Autores

  • Larissa Maués Pelúcio Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"- UNESP https://orcid.org/0000-0001-6212-3629
  • Diego Paz Universidade Católica de Pernambuco e Universidade Paris 8, Paris, França, 75014

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n71498

Resumo

Neste artigo, analisamos o movimento #elenão e suas reverberações em contexto francês. Num movimento que ganhou repercussão transnacional, mulheres brasileiras organizadas por diferentes lógicas de opressão mostram agência política pelo uso das redes sociais digitais e, especificamente, de hashtags. De inspiração etnográfica, partiu-se de observações participantes da autora e autor nas manifestações que aconteceram na cidade de Paris, na França, no período das eleições de 2018, no Brasil, mas também de entrevistas com as organizadoras locais dos eventos. Mobilizando como operador analítico o conceito de political agency, ou capacidade de agir politicamente, segundo Judith Butler, argumentamos que este movimento, iniciado pelas mulheres, foi um elemento unificador de outras minorias políticas, como negros e LGBT+, contra o avanço do “neofascismo” e retrocessos no campo dos direitos humanos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Maués Pelúcio, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"- UNESP

Professora associada do Departamento de Ciências Humanas, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Unesp, Bauru.

Diego Paz, Universidade Católica de Pernambuco e Universidade Paris 8, Paris, França, 75014

Doutorando, no Brasil, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica na Universidade Católica de Pernambuco e, na França, no Département d’Études de Genre da Universidade Paris 8. Vinculado ao Laboratoire d’études de genre de sexualité (LEGS).

Referências

AMARAL, Marina. “Jabuti não sobe em árvore: como o MBL se tornou o líder das manifestações pelo impeachment”. In: JINKINGS, Ivana et al. (Eds.). Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil. Tinta vermelha. 1. ed. São Paulo, SP: Boitempo, 2016. p. 44-47.

BALLESTRIN, Luciana. “O Debate Pós-democrático no Século XXI”. Revista Sul-Americana de Ciência Política, v. 4, n. 2, p. 149-164, jan. 2018. Disponível em https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rsulacp/article/view/14824/9146. Acesso em 20/04/2020.

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York and London: Routledge, 1990.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006a.

BUTLER, Judith. Trouble dans le genre: le féminisme et la subversion de l’identité. Tradução de Cynthia Kraus. Paris: La Découverte, 2006b.

BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas. Notas para uma teoria performativa de assembleia. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

BUTLER, Judith; JAMI, Irène. “Considérer le problème plus que l’identité”. In: REVUE MOUVEMENTS (Ed.). Pensées critiques. Dix itinéraires de la revue Mouvements 1998-2008. Poche/Sciences humaines et sociales. Paris: La Découverte, 2009. p. 117-130.

CARUSO, Marina. “Meu primeiro assédio”. Época, 2015. Disponível em https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/11/meu-primeiro-assedio.html. Acesso em 19/04/2020.

CASADO, Letícia; TUROLLO JR, Reynaldo. “PT vai ao STF contra Bolsonaro por vídeo em que ele defende ‘fuzilar a petralhada’”. Folha de S. Paulo, 2018. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/pt-vai-ao-stf-contra-bolsonaro-por-video-em-que-ele-defende-fuzilar-a-petralhada.shtml. Acesso em 19/04/2020.

CATALANI, Felipe. “Aspectos ideológicos do bolsonarismo”. Blog da Boitempo, 28/10/2018. Disponível em https://blogdaboitempo.com.br/2018/10/31/aspectos-ideologicos-do-bolsonarismo/. Acesso em 20/08/2019.

CETIC.BR. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação: pesquisa TIC Domicílios, ano 2018. Tabelas. São Paulo: Núcleo da Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, 2019. Disponível em https://www.cetic.br/pesquisa/domicilios/indicadores. Acesso em 19/04/2020.

COLLINS, Patricia Hill. “Learning from the Outsider Within: The Sociological Significance of Black Feminist Thought”. Social Problems, v. 33, n. 6, p. S14-S32, out. 1986.

DUPUIS-DÉRI, Francis. “Le discours de la ‘crise de la masculinité’ comme refus de l’égalité entre les sexes: histoire d’une rhétorique antiféministe”. Cahiers du Genre, v. 52, n. 1, p. 119-143, jun. 2012.

FERREIRA, Carolina Branco de Castro. “Feminismos web: linhas de ação e maneiras de atuação no debate feminista contemporâneo”. Cadernos Pagu, Campinas, n. 44, p. 199-228, jun. 2015. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332015000100199&lng=en&nrm=iso. http://dx.doi.org/10.1590/1809-4449201500440199. Acesso em 24/01/2020.

FOLHA DE S. PAULO. “ATOS de mulheres contra Bolsonaro reúnem milhares em mais de 30 cidades”. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29/09/2018. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/atos-de-mulheres-contra-bolsonaro-reunem-milhares-em-mais-de-30-cidades.shtml. Acesso em 20/08/2019.

FRANÇA, Vera. “Buscando explicações para o #EleSim”. Site do Laboratório de Análise de Acontecimentos (GrisLab). GrisLab, 2018. Disponível em https://grislab.com.br/buscandoexplicacoes-para-o-elesim/. Acesso em 19/04/2020.

FREIRE, Fernanda A. “Campanhas feministas na internet: sobre protagonismo, memes e o poder das redes sociais”. Em Debate, Belo Horizonte, v. 8, n. 5, p. 26-32, jul. 2016. Disponível em http://opiniaopublica.ufmg.br/site/files/artigo/03-Fernanda-Freire.pdf. Acesso em 20/04/2020.

G1 PORTAL DE NOTÍCIAS. “Datafolha de 25 de outubro para presidente por sexo, idade, escolaridade, renda, região, religião e orientação sexual”. G1, 26/10/2018a. Disponível em https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/26/datafolha-de-25-de-outubro-parapresidente-por-sexo-idade-escolaridade-renda-regiao-religiao-e-orientacao-sexual.ghtml. Acesso em 19/04/2020.

G1 PORTAL DE NOTÍCIAS. “Pesquisa Ibope de 23 de outubro para presidente por sexo, idade, escolaridade, renda, região, religião e cor”. G1, 24/10/2018b. Disponível em https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/24/pesquisa-ibope-de-23-de-outubropara-presidente-por-sexo-idade-escolaridade-renda-regiao-religiao-e-cor.ghtml. Acesso em 19/04/2020.

GADELHA, Rejane; KERR, Roberta. “A Pequena Política e as Fake News contra a Candidata Mulher nas Eleições Presidenciais de 2018”. EnFil – Revista Encontros com a Filosofia, Niterói, ano 8, n. 10, p. 1-21, dez. 2019.

GATINOIS, Claire. “Au Brésil, le rempart des femmes contre l’extrême droite”. Le Monde.fr, Paris, 2/10/2018a. Disponível em https://www.lemonde.fr/ameriques/article/2018/10/02/au-bresil-le-rempart-desfemmes-contre-bolsonaro_5363180_3222.html. Acesso em 20/08/2019.

GATINOIS, Claire. “Ludimilla Teixeira, ‘l’emmerdeuse’ des pro-Bolsonaro”. Le Monde.fr, Paris, 22/10/2018b. Disponível em https://www.lemonde.fr/ameriques/article/2018/10/22/ludmilla-teixeira-lemmerdeuse-des-pro-bolsonaro_5372689_3222.html. Acesso em 20/08/2019.

GERALDES, Elen Cristina et al. (Orgs.). Mídia, misoginia e golpe. Brasília: FAC-UnB, 2016.

GÓES, Juliana. “Ciência sucessora e a(s) epistemologia(s): saberes localizados”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 1-11, maio 2019. Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/1806-9584-2019v27n148373. Acesso em 20/08/2019.

GOMES, Carla; SORJ, Bila. “Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil”. Sociedade e Estado, Brasília, v. 29, n. 2, p. 433-447, 2014.

GORDON, Linda. The second coming of the KKK: the Ku Klux Klan of the 1920s and the American political tradition. New York: Liveright Publishing Corporation, 2017.

HAICAULT, Monique. “Autour d’agency. Un nouveau paradigme pour les recherches de Genre”. Rives méditerranéennes, Toulouse, n. 41, p. 11-24, fev. 2012. Disponível em http://journals.openedition.org/rives/4105. Acesso em 20/08/2019.

HARAWAY, Donna. “Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective”. Feminist Studies, Maryland, v. 14, n. 3, p. 575-599, 1988.

HARDING, Sandra. The science question in feminism. Ithaca and London: Cornell University Press, 1986.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (ED.). Acesso à Internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal, 2015: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016.

JAULMES, Adrien. “Bolsonaro, le ‘Trump tropical’ sorti d’un Brésil en ruine”. Le Figaro, 28/12/2018. Disponível em http://www.lefigaro.fr/international/2018/12/28/01003-20181228ARTFIG00228-bolsonaro-le-trump-tropical-sorti-d-un-bresil-en-ruine.php. Acesso em 20/08/2019.

KALIL, Isabela Oliveira. “Notas sobre ‘Os Fins da Democracia’: etnografar protestos, manifestações e enfrentamentos políticos”. Ponto Urbe, n. 22, p. 1-5, ago. 2018a. Disponível em http://journals.openedition.org/pontourbe/3933. Acesso em 09/02/2020.

KALIL, Isabela Oliveira. “#EleNão e #EleSim: uma perspectiva feminista sobre os protestos em São Paulo e sua repercussão”. Blog da Boitempo, out. 2018b. Disponível em https://blogdaboitempo.com.br/2018/10/04/elenao-e-elesim-uma-perspectiva-feminista-sobre-os-protestos-em-sao-paulo-e-suarepercussao/. Acesso em 09/02/2020.

KIMMEL, Michael S. Angry white men: American masculinity at the end of an era. New York: Nation Books, 2013.

KRAUS, Chynthia. “Note sur la traduction”. In: BUTLER, Judith. Trouble dans le genre: le féminisme et la subversion de l’identité. Paris: La Découverte, 2006. p. 21-24.

LINCOLN JR, Ronald; GERAQUE, Eduardo. “Protestos de mulheres contra Cunha param centro de São Paulo e Rio”. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/11/1705645-protestos-de-mulheres-contra-cunha-param-centro-de-sao-paulo-erio.shtml. Acesso em 19/04/2020.

MAHMOOD, Saba. “Teoria feminista, agência e sujeito liberatório: algumas reflexões sobre o revivalismo islâmico no Egipto”. Etnográfica, Lisboa, v. 10, n. 1, p. 121-158, 2006.

MARIANO, Silvana Aparecida. “O sujeito do feminismo e o pós-estruturalismo”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 483-505, 2005.

MARTÍN, María; ROSSI, Marina. “Mulheres protestam contra Cunha pela terceira vez em duas semanas”. El País Brasil, 2015. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/12/politica/1447346906_965515.html. Acesso em 19/04/2020.

MBEMBE, Achille. Políticas da Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017.

MONTENACH, Anne. “Introduction”. Rives méditerranéennes, Toulouse, n. 41, p. 7-10, 2012.

NATANSHON, Graciela. “O que tem a ver as tecnologias digitais com gênero?”. In: NATANSHON, Graciela (Org.). Internet em Código Feminino: Teorias e Práticas. Buenos Aires: La Crujía Ediciones, 2013.

NAVES, Marie-Cécile. Trump, la revanche de l’homme blanc. Paris: Textuel, 2018.

PELÚCIO, Larissa; PAZ, Diego. “A democracia sexual no coração da democracia. A centralidade do gênero para a leitura do presente – entrevista com Éric Fassin”. Revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 23, e190258, p. 1-12, 2019.

PISCITELLI, Adriana. “Recriando a (categoria) mulher?”. In: ALGRANTI, Leila (Org.). A prática feminista e o conceito de gênero. Campinas: IFCH-Unicamp, 2002. p. 7-42.

ROSSI, Marina. “O dia em que relatos do primeiro assédio tomaram conta do Twitter”. El País Brasil, 2015. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/22/politica/1445529917_555272.html. Acesso em 19/04/2020.

SALDAÑA, Paulo; TUROLLO JR, Reynaldo. “STF suspende queixa-crime contra Bolsonaro por defender ‘fuzilar petralhada’”. Folha de S. Paulo, 2019. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/02/stf-suspende-queixa-crime-contra-bolsonaro-por-defender-fuzilar-petralhada.shtml. Acesso em 19/04/2020.

SILVA, Sérgio Gomes da. “A crise da masculinidade: uma crítica à identidade de gênero e à literatura masculinista”. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 26, n. 1, p. 118-131, 2006.

SILVEIRA, Daniel. “G1 – Protesto contra Eduardo Cunha reúne mulheres no Centro do Rio – notícias em Rio de Janeiro”. G1, 12/11/2015. Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/11/protesto-contra-eduardo-cunha-reune-mulheres-no-centro-do-rio.html. Acesso em 19/04/2020.

SOLANO, Esther. “A bolsonarização do Brasil”. In: ABRANCHES, Sérgio H. (Ed.). Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 203-212.

SOLNIT, Rebecca. A mãe de todas as perguntas: reflexões sobre os novos feminismos. São Paulo: Cia. das Letras, 2017.

STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: A política do ‘nós’ e ‘eles’. Tradução de Bruno Alexander. Porto Alegre: L&PM Editores, 2018.

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. “Brasil tem 147,3 milhões de eleitores aptos a votar nas Eleições 2018”. Tribunal Superior Eleitoral, Brasília, 1/8/2018. Disponível em http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Agosto/brasil-tem-147-3-milhoes-de-eleitores-aptos-a-votar-nas-eleicoes-2018. Acesso em 20/08/2019.

VENTURI, Gustavo; GODINHO, Tatau (Eds.). Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2010.

Downloads

Publicado

2020-12-18

Como Citar

Pelúcio, L. M., & Paz, D. (2020). #paslui: feminismos brasileiros no hexágono europeu. Revista Estudos Feministas, 28(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n71498

Edição

Seção

Dossiê Inflexões feministas e agenda de lutas no Brasil contemporâneo