O ritmo e a poesia de uma rapper lésbica nas lutas sociais
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n382482Resumo
Neste artigo, discutimos a relação entre mal-estar contemporâneo e resistência nos campos da experiência de gênero, sexualidade e lutas sociais, partindo da análise dos eixos políticos e simbólicos presentes nas práticas discursivas das letras produzidas pela rapper lésbica brasileira Luana Hansen. Os estudos feministas contemporâneos que se situam em espaços dialógicos, hifenizados e pós-coloniais dão fundamento teórico-metodológico ao trabalho realizado em contexto de ascensão da extrema direita e da articulação entre conservadorismo e neoliberalismo. Concluímos que práticas discursivas produzidas pelas letras da rapper apontam para a resistência como desejo de resistir e, assim, de multiplicar redes e de criar novos modos de expressão de luta e de existência de mulheres, negras e lésbicas, que vivem na periferia, de modo sempre localizado politicamente e estrategicamente assentado nos territórios urbanos.
Downloads
Referências
ALVES, Giovanni. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2000.
ANZALDÚA, Gloria. “Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro Mundo”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 229-236, jan. 2000. Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880. Acesso em 21/06/2021.
BHABHA, Homi K. The Location of Culture. New York: Routledge, 2004.
BIRMAN, Joel. Arquivos do mal-estar e da resistência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
BRAGA, Ruy. A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no sul global. São Paulo: Boitempo, 2017.
BRAIDOTTI, Rosi. Nomadic Subject: Embodiment and Sexual Diference in Compteporary Feminist Theory. New York: Columbia University Press, 1994.
BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no ocidente. São Paulo: Filosófica Politeia, 2019.
BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. São Paulo: Autêntica, 2019.
CARAPANÃ. “A nova direita e a normalização do nazismo e do fascismo”. In: GALLEGO, Esther Solano (Org.). O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018. p. 33-39.
CLARKE, Cheryl. “El lesbianismo: un acto de resistencia”. In: MORAGA, Cherrie; CASTILLO, Ana (Orgs.). Esta puente, mi espalda - voces de mujeres tercermundistas en los Estados Unidos. San Francisco: ISM Press, 1988. p. 99-108.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian A. Nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
GAZETA MT. Letra machista de Emicida levanta polêmica, 2013. Disponível em http://gazetamt.com.br/noticia/musica-letra-machista-de-emicida-levanta-polemica/. Acesso em 20/09/2017.
HANSEN, MC Luana. Flor de mulher, 2014. Disponível em https://soundcloud.com/luanahansen/flor-de-mulher-luana-hansen. Acesso em 10/05/2019.
HANSEN, MC Luana. Funk da realidade, 2015. Disponível em https://soundcloud.com/luanahansen/funk-da-realidade-dj-luana-hansen-mp3. Acesso em 10/05/2019.
HANSEN, MC Luana; GARGIULO, Elisa. Ventre livre de fato. São Paulo: Gravadora, 2014. Disponível em https://soundcloud.com/luanahansen/ventre-livre-de-fato-luana. Acesso em 10/05/2019.
HANSEN, MC Luana. Pra quem vai o seu amém. São Paulo: Nosotras Music, 2017. Disponível em https://soundcloud.com/luanahansen-music/pra-quem-vai-o-seu-amem. Acesso em 10/05/2019.
HARAWAY, Donna. “Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective”. In: HARAWAY, Donna (Org.). Symians, Cyborgs and Women: The Reinvention of Nature. New York: Routledge, 1991. p. 183-202.
HARAWAY, Donna. “Ecce homo, Ain’t (Ar’n’t) I a Woman and Innapropriate/d Others: The Human in a Post-Humanist Landscape”. In: BUTLER, Judith; SCOTT, Joan (Orgs.). Feminists Theorize the Political. New York: Routledge, 1992. p. 86-100.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saúde 2013: Ciclos de vida. Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (Ipea). Atlas da violência 2017. Rio de Janeiro: Ipea, 2017.
LEITE, Kelen Christina. “Trabalho precário: precariado, vidas precárias e processos de resistências”. Revista de Ciências Sociais - Política & Trabalho, João Pessoa, v. 51, p. 108-125, 13 maio 2020. Disponível em https://periodicos.ufpb.br/index.php/politicaetrabalho/article/view/50733. Acesso em 21/06/2021.
MARAFON, Giovanna. “Análises críticas para desmontar o termo ‘ideologia de gênero’”. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 70, número especial, p. 117-131, 2018. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672018000400010. Acesso em 21/06/2021.
MENDONÇA, Viviane Melo. Um dia você vai sentir na própria carne - afeto, memória, gênero e sexualidade. Jundiaí: Paco, 2020.
OLIVEIRA, João Manuel. “Os feminismos habitam espaços hifenizados: a localização e interseccionalidade dos saberes feministas”. Ex aequo, Vila Franca de Xira, n. 22, p. 25-39, 2010. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602010000200005&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 21/06/2021.
OSBORNE, Raquel. “Um espesso muro de silencio: de la relación entre una ‘identidade débil’ y la invisibilización de las lesbianas en el espácio público”. Asparkia, Castelló de la Plana, n. 19, p. 39-55, 2008. Disponível em https://raco.cat/index.php/Asparkia/article/view/140637. Acesso em 21/06/2021.
PECCINI, Isabella. “Profissão rapper: entrevista com Luana Hansen e Mc Soffia”. Capitolina, 2015. Disponível em http://www.revistacapitolina.com.br/profissao-rapper-entrevista-com-luana-hansen-e-mc-soffia. Acesso em 10/05/2018.
PERES, Milena C. C.; SOARES, Suane F.; DIAS, Maria Clara. Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil: de 2014 até 2017. Rio de Janeiro: Livros Ilimitados, 2018.
POLLAK, Michel. “Memória, esquecimento e silêncio”. Estudos de História, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
PORTAL GELEDÉS. Mulher, negra e lésbica: conheça MC Luana Hansen e seu rap feminista. 2016. Disponível em http://www.geledes.org.br/mulher-negra-e-lesbica-conheca-mc-luana-hansen-e-seu-rap-feminista/. Acesso em 20/04/2017.
RICH, Adrienne. “Notas para uma política da localização”. In: MACEDO, Ana Gabriela (Org.). Gênero, desejo e identidade. Lisboa: Cotovia, 2002. p. 15-35.
ROLNIK, Sueli. “Pensamento, corpo e devir: uma perspectiva ético/estética/política no trabalho acadêmico”. Cadernos de Subjetividade, São Paulo, 1993. Disponível em https://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/pensamentocorpodevir.pdf. Acesso em 10/05/2018.
SPINK, Mary Jane; MEDRADO, Benedito (Orgs.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 2000.
UNITED NATIONS (UN). Report of the Special Rapporteur on the Situation of Human Rights Defenders. Mary Lawlor, 2020, p. 9.
WARNER, Michael (Ed.). Fear of a Queer Planet: Queer Politics and Social Theory. Minneapolis/London: University of Minnesota Press, 1993.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Estudos Feministas
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Estudos Feministas está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
A licença permite:
Compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e/ou adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material) para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que os termos da licença sejam respeitados. Os termos são os seguintes:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se foram feitas mudanças. Isso pode ser feito de várias formas sem, no entanto, sugerir que o licenciador (ou licenciante) tenha aprovado o uso em questão.
Sem restrições adicionais - Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo permitido pela licença.