O risco de desastre e as cidades: uma análise discursiva sobre práticas em Defesa Civil

Autores

  • Juliana Catarine Barbosa da Silva Universidade Federal de Pernambuco
  • Jaileila de Araújo Menezes Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2016v50n2p528

Resumo

O presente artigo, utilizando uma metodologia qualitativa de análise do discurso, buscou compreender e discutir o modelo de risco de desastre que fundamenta algumas práticas em defesa civil no Brasil. Para isso, foi realizado um breve levantamento crítico da história da defesa civil no país e foram analisados o Plano Nacional de Gestão de Risco e Resposta a Desastres Naturais 2012-2014 e a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - lei federal 12.608/2012. Em nosso estudo encontramos um modelo de risco de desastres que fundamenta suas ações no gerenciamento de desastres naturais, em detrimento do debate sobre as vulnerabilidades sociais. Ressaltamos que os processos de urbanização atuais levaram pessoas pobres a habitar as periferias das grandes cidades, desenvolvendo um ordenamento territorial que as encurrala em áreas de risco que são naturalizadas, ou seja, as intercorrências que ali se dão são em sua maioria tratadas como desastres naturais.

Biografia do Autor

Juliana Catarine Barbosa da Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco, Mestra em Psicologia pela mesma universidade. Psicóloga da Prefeitura Municipal do Recife.

Jaileila de Araújo Menezes, Universidade Federal de Pernambuco

Possui graduação em Curso de Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (1997), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e doutorado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004). Atualmente é professora associada I da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: participação política juvenil, juventude e projeto de vida, juventude e movimentos sociais, subjetivação de crianças e adolescentes na contemporaneidade.

Referências

ALVES, R. B., LACERDA, M. A. C., & LEGAL, E. J. A Atuação do Psicólogo diante dos Desastres Naturais : uma Revisão. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 2, p. 307-315, abr./jun. 2012.

BECK, U. Sociedade de Risco: Rumo a uma outra modernidade.( 2ª ed., S. NASCIMENTO, trad.). São Paulo: Ed. 34, 2011. 384p.

BRASIL. (Ministério do Planejamento). Plano Nacional de Gestão de Risco e Resposta a Desastres Naturais. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/d0d2a5b6f24df2fea75e7f5401c70e0d.pdf . Acesso em 04 de julho de 2014.

BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo.Brasília, 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm >Acesso em 3 de fevereiro de 2015.

CARDOSO, T. A. O., COSTA, F. G., & NAVARRO, M. B. M. A. Biossegurança e desastres: conceitos, prevenção, saúde pública e manejo de cadáveres. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 1523-1542, 2012.

CEPED. Centro de estudos e pesquisas em emergências e desastres em saúde.Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991-2010: Volume Pernambuco. Florianópolis: CEPED/UFSC, 2011. 67p.

CEPED. Centro de estudos e pesquisas em emergências e desastres em saúde. Comunicação de riscos e de desastres. Curso a distância / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis: CEPED. 2010. 183p.

CEPEDES/FIOCRUZ. Centro de estudos e pesquisas em emergências e desastres em saúde. O mundo hoje e os desastres. Disponível em: http://andromeda.ensp.fiocruz.br/desastres/content/o-mundo-hoje-e-os-desastres . Acesso em 25 de março de 2013.

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. (4. ed.). Rio de Janeiro: Positivo, 2010. 2272p.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. (11ª ed., R., MACHADO, trad.) Rio de Janeiro: Graal, 1993. 432p.

FOUCAULT, M. Segurança, Território, População. (E. BRANDÂO, trad.). São Paulo: Martins Fontes, 2008. 572p.

FOUCAULT, M. Em defesa da Sociedade. (2ª ed., M. E. GALVÂO, trad.). São Paulo: Martins Fontes, 2010. 269p.

FRANCO, M. H. P. Atendimento psicológicos para emergências em avião: a teoria revista na prática. Estudos de Psicologia, Natal, v.10, n.2,p. 177 -180.mai./aug. 2005

FREITAS, C. M., CARVALHO, M. L., XIMENES, E. F., ARRAES, E. F., & GOMES, J. O. Vulnerabilidade socioambiental, redução de riscos de desastres e construção da resiliência – lições do terremoto no Haiti e das chuvas fortes na Região Serrana, Brasil. Ciência& Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n.6, p.1577-1586.jun. 2012.

GILL, R. Análise do Discurso.In GASKELL, G. (Org.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. (2ª ed.). Petrópolis: Vozes, 2002, p. 244 - 270.

LAROUSSE. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Moderna, 1992. 1176p.

MATTEDI, A. M. A Abordagem Psicológica da Problemática dos Desastres:Um Desafio Cognitivo e Profissional para a Psicologia. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v.28, n.1, p.162-173. 2008.

MINAYO, M. C. S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva,Rio de Janeiro, p.17, n.3, p.621-626. mar.2012.

PAULINO, J. A. & LOPES, R. F. F. Relação entre Percepção e Comportamento de Risco e Níveis de Habilidades Cognitivas em um Grupo de Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade Social. Psicologia ciência e Profissional, Brasília, v.30, n.4, p.752-765. 2010.

POTTER, J. & WETHERELL, M. Discourse and Social Psychology: beyond attitudes and behaviour. (2ª ed.). London: Sage, 1992. 216p.

REVEL, J. Michel Foucault, conceitos essenciais. São Carlos: Clara Luz, 2005. 96p.

SPINK, M. J. & LIMA, H. Rigor e Visibilidade: a explicação dos passos da interpretação. In M. J. P. Spink, (Org.), Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. (3a ed.). São Paulo: Cortez, 2004 , p. 93-122.

SPINK, M. J., PEREIRA, A. B., BURIM, L. B., SILVA, M. A., & DIODATO, P. R. (2008) Usos do Glossário do Risco em Revistas: Contrastando “Tempo” e “Públicos”. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, v.21, n.1, p.1-10. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prc/v21n1/a01v21n1.pdf. Acesso em 10 de maio de 2015.

(Mestrado em Psicologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. TAVANTI, R. M. Risco, desastre e prevenção: um estudo sobre estratégias coletivas na ótica de adolescentes moradores do bairro do Jaçanã – São Paulo/SP. 2013.143f.

VALENCIO, N., SIENA, M., MARCHEZINE, V., & GONÇALVES, J.C. (org.). Sociologia dos Desastres: Construção, interfaces e perspectivas no Brasil. São Carlos: Rima, 2009. 280p.

Downloads

Publicado

2016-12-31

Edição

Seção

Artigos