Habilitação, reabilitação e inclusão: o que os sujeitos Surdos pensam do trabalho fonoaudiológico?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2018.e49807

Resumo

Este trabalho analisa a representação que os sujeitos Surdos possuem do fonoaudiólogo e do trabalho na reabilitação em diferentes abordagens utilizadas por estes profissionais. Foram entrevistados dezesseis sujeitos Surdos por meio de filmagem com câmera digital e suas entrevistas foram traduzidas, transcritas e analisadas posteriormente por meio da proposta de Bardin (1977). Os resultados mostram que o fonoaudiólogo é visto pelos Surdos como aquele que pode possibilitar o acesso à linguagem oral para que eles se comuniquem com ouvintes que não saibam Libras. O corpus também mostra uma mudança política do Surdo frente a fala, visto que, no discurso dos entrevistados, a linguagem oral aparece como uma necessidade para a comunicação com sujeitos ouvintes que não saibam língua de sinais e não mais como uma imposição por parte da família.

Biografia do Autor

Vinicius Nascimento, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP

Doutor e Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP) e Bacharel em Fonoaudiologia (PUC-SP). Professor Assistente Departamento de Psicologia no curso de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Maria Cecília de Moura, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP

Doutora em Psicologia Social e Mestre em Distúrbios da Comunicação pela PUC-SP. Fonoadióloga pela mesma instituição. Professora da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde no Curso de Fonoaudioologia da PUC-SP.

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2018-12-31

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