Violência e representação (quando a arma é o pênis): um estudo do caso do filme "Acusados"

Resumo

Para aqueles que observam a cena ou as imagens de uma violência, só esse momento é que aparece. Mas, o que ai se representa pode ser algo cujo significado mais profundo se nos escapa, por expressar, numa fração de tempo, todo um intrincado de conflitos e afetos avessos à linguagem verbal. Na representação do estupro, por exemplo, pode-se confirmar a prática de imaginar o ato brutal como resultante de um impulso incon trolável, por parte do violentador, e de uma provocação irresponsável, por parte da mulher violentada. 0 presente artigo faz um exercício, dentre tantos possíveis, de desconstrução desse emaranhado, tendo como objeto o filme Acusados, de Jonathan Kaplan. 0 leitor identificará na autora uma militancia pedagógica explicita em favor de uma cultura sem violência sexual, além de uma forte tendência kantiana no emprego de conceitos éticos. 0 estilo opinativo é proposital, dado que à autora não interessa produzir um tratado acadêmico sobre o estupro, e sim, posicionar-se, como mulher e no âmbito acadêmico, contra ele.