Psicólogo na Assistência Social: O lugar do homem e diálogos epistemológicos feministas na prática profissional
DOI:
https://doi.org/10.5007/2178-4582.2018.e56983Resumo
Traduzir a experiência de corpos cisnormativos masculinos, categorizados como homens, na participação de lugares reconhecidos como femininos, Política Pública de Assistência Social, e feministas, Teorias Feministas Pós-estruturalistas, é o objetivo que nos propomos alcançar. Partimos da compreensão de que a experiência, história encenada pela linguagem, produz o sujeito e não algo que o sujeito tenha como propriedade ou que seja anterior a ele. Assim, relatamos nossos percursos nas teorias feministas e a contribuição destas na construção de nossas práticas no Sistema Único de Assistência Social, por meio de três perguntas: Quem somos? De onde víemos? Para onde vamos? Com elas, concluímos que, justamente por sermos homens, precisamos denunciar os privilégios para construir pontes para mudanças e não abismos para a manutenção, rompendo com a generalização da categoria homem, explicitando que estamos em um lugar de homem generificado, produzido pelas normas de gênero, mas que buscamos a desestabilização deste lugar.Referências
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