Medicina e desenvolvimento tecnológico

Autores

  • José Pedro R. Gonçalves UFSC

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2012v46n2p315

Resumo

Este trabalho analisa a incorporação da técnica pela medicina a partir do Relatório Flexner e de como isso se tornou uma prática necessária e definitiva adotada pelos médicos em suas atividades cotidianas. Assim, ocorreu uma mudança do objeto da medicina que se afastou do ser humano doente e adotou a doença como foco principal de sua atenção. Em função disso, a medicina vem assumindo a tecnologia como fundamento de sua ação prática, substituindo o método propedêutico, que é baseado no raciocínio, pelo exame laboratorial que, antes, era apenas um “exame complementar”. Nesse paradigma, o médico deixou de pensar, refletir, para se tornar um decodificador de resultados de exames fornecidos pelos equipamentos. Ao focar sua atenção no resultado do exame, deixa em segundo plano o doente que, desse modo, fica isolado no silêncio e na expectativa de algo que será “dito” pela máquina e que lhe será transmitido pelo médico. Nas Unidades de Terapia Intensiva, pode ocorrer a transformação de seres humanos em ciborgues, ou seja, a introdução de equipamentos ou de elementos não humanos no corpo, para estabelecer uma conexão entre o humano e a máquina. É a tecnologia assumindo o “cuidar” mecânico.

Biografia do Autor

José Pedro R. Gonçalves, UFSC

Médico especialista em Cardiologia, Saúde Pública, Administração Hospitalar e em Saúde e Ambiente. Mestre em Sociologia Política e doutorando em Ciências Humanas.

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Publicado

2013-03-07

Edição

Seção

Artigos