Camponesas em lutas pelo fim da violência contra as mulheres e pela produção de outras formas de existência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2018.e57262

Resumo

O presente trabalho apresenta reflexões iniciais sobre a emergência de lutas pelo fim da violência contra as mulheres, empreendidas pelo Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil (MMC Brasil). O MMC emerge como um movimento social rural nacional constituído no ano de 2004 pela unificação de movimentos rurais autônomos de mulheres, com demandas e reivindicações por reconhecimento profissional, igualdade de gênero, defesa da vida, garantia e direitos, entre outras. A partir do diálogo com estudos realizados sobre movimentos rurais autônomos de mulheres e o MMC em diferentes regiões do Brasil, da análise de publicações e de discussões relacionadas ao 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, realizado no ano de 2013, é possível observar que as demandas expressas e que mobilizam ações de enfrentamento envolvem situações de violência sofridas por mulheres no contexto doméstico, assim como denunciam desigualdades de gênero que regulam/controlam existências individuais e coletivas nas esferas privada e pública.

Biografia do Autor

Giovana Ilka Jacinto Salvaro, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Criciúma, SC

Doutora em Ciências Humanas (UFSC). Professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) e do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).

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Publicado

2018-12-31

Edição

Seção

Dossiê