Vida, movimento e memória: linhas de fuga xamânicas

Autores

  • Vera Dodebei Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Tesla Coutinho Andrade Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-9288.2020v16n1p55

Resumo

Diante de um cenário social catastrófico, apresentamos alguns resultados de nossas pesquisas sobre o ciclo vital dos objetos ou organismos, tanto no mundo analógico como nas plataformas digitais. De um ponto de vista ecológico, o ensaio se baseia em três enunciados formulados a partir do cruzamento do pensamento de Bergson, Ingold, Deleuze e Guattari e de Kopenawa: a) a vida é transformação permanente, portanto, criação; b) a vida é movimento e pressupõe as condições de penetração do passado no presente; e, c) a vida se dá pelos encontros de corpos no mundo. Buscamos uma convergência possível entre os conceitos de duração, fluxo, malha e rizoma, atentos sempre às singularidades, devires, acontecimentos, espaços-tempos e, principalmente, com o olhar voltado às linhas de fuga que, para esse ensaio, denominamos xamânicas, ao lado das ideias de movimento, vida e memória.

Biografia do Autor

Vera Dodebei, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professora Titular, doutora em comunicação e cultura (ECO-UFRJ) e mestre em ciência da informação (IBICT-UFRJ). Estudou biblioteconomia e documentação e especializou-se em memória documentária com a tese defendida sobre “O sentido e o significado do documento para a memória social”. Ingressou no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) na década de 80 do ano 2000 e lá participa, até o momento, da linha de pesquisa Memória e Patrimônio. É líder de dois grupos de pesquisa do CNPq: “Memória Social, tecnologia e informação” e “Memória Nacional e organização do conhecimento”, este último junto à Biblioteca Nacional. Supervisiona estudantes (mestrado e doutorado) em temas sobre a preservação e sustentabilidade dos patrimônios culturais nacionais nas artes, na literatura, na ciência. Sua pesquisa atual, ainda em andamento como bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq versa sobre “objetos, história de vida, conexões: por uma ecologia dos restos memoriais digitais”. publicações recentes: “Mémoire et nouveaux patrimoines” (Open Edition, France, 2015); “Por que memória social? (Revista Morpheus, 2016). Membro da ISKO, ANCIB e do ICOM.

Tesla Coutinho Andrade, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Doutora e Mestre em Memória Social Pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO, PPGMS). Jornalista pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do Ladome (UNIRIO/PPGMS)Áreas de interesse: memória social, cultura digital, narrativas, informação, jornalismo, histórias dos meios de comunicação.

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Publicado

2020-07-31

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Artigos