Entrevista-jogo como método para recriar memórias ferroviárias

Autores

  • Roberta Filizola Universidade Federal do Ceará
  • Lucila Pereira da Silva Basile Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-9288.2022.e83738

Palavras-chave:

Jogo, Entrevista, Cinema de animação, Memória ferroviária, Sonho Azul

Resumo

No presente artigo, descrevo a entrevista realizada com minha mãe, a qual teve como objetivo o diálogo entre a memória dela e o imaginário que eu faço acerca do Sonho Azul, trem azul celeste que, nas décadas de 1970 e 1980, percorria o estado do Ceará de norte a sul, levando e trazendo passageiros e cargas. Com base em Huizinga (2005), pode-se dizer que essa entrevista apresentou características de jogo. Tendo como referência o conceito de arte relacional de Bourriaud (2009) e o projeto Tractos, feito por Soraya Braz e Fabio FON, eu e minha mãe usamos fotos antigas para recriar o caminho entre Crato e Lavras da Mangabeira, que ela percorria no tempo em que viajava no Sonho Azul. Durante a experiência, ela relembrou não somente acontecimentos, mas também sentimentos, sensações, sons, cheiros, fantasias. Ao final, articulei esses relatos com as minhas próprias ideias de enredo para o desenvolvimento de um curta-metragem de animação, o que resultou no início da escaleta que organizará a narrativa. Essa prática também teve como escopo criar um modelo de ação que será utilizado ao longo da pesquisa que realizo enquanto mestranda do Programa de Pós-graduação em XXX da Universidade XXX.

 

Biografia do Autor

Roberta Filizola, Universidade Federal do Ceará

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Escrita e Criação da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e mestranda no Programa de Pós-graduação em Artes pela UFC. Desenvolveu e roteirizou o curta de animação ?Uma volta pela Praça?, financiado pelo Edital das Artes de 2016 e exibido no circuito de festivais. Fez o curso básico de cinema de animação no Núcleo de Cinema de Animação da Casa Amarela Eusélio Oliveira, onde ministrou aulas de roteiro e produção de projetos de animação. Atualmente, realiza o projeto Tempo Trem, selecionado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020. Frequentou o curso de desenho, de Histórias em Quadrinhos e a oficina de Construção de Narrativas e Mercado Editorial do Estúdio Daniel Brandão. É redatora do site Cosmonerd sobre animação e literatura.

Lucila Pereira da Silva Basile, Universidade Estadual do Ceará

Possui graduação em Música - Composição e Regência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992), mestrado em Música pela Universidade Federal da Bahia (2002) e doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2015). Atualmente é professora adjunta da Universidade Estadual do Ceará. Sua pesquisa foca a música urbana do final do século XIX até as três primeiras décadas do século XX. São objetos de pesquisa o repertório de salão, a música para cena muda dos primeiros filmes, a música que em geral recebeu o apodo de "popularesca" e "música ligeira" . Relativo a compreensão estética do repertório dos anos 1920, a pesquisa discute as tópicas dos pianeiros e os sentidos dessa representação. Como musicista faz parte do Quinteto Aqualtune e A grupo Aquas . É Professora Colaboradora do Programa de Pós Graduação em Artes do Instituto de Cultura e Artes da UFC na linha de pesquisa Arte e processos de criação: poéticas em arte sonora.

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Publicado

2022-11-09