Entre a fé e a distopia
O curta animado Ressurreição sob a perspectiva da multimodalidade
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2024.e97743Palavras-chave:
Análise Crítica do Discurso Multimodal, Narrativa fílmica, Curta-metragem, Animação, Otto GuerraResumo
Neste artigo, buscamos analisar quais são significados sociais produzidos pelo curta-metragem animado Ressurreição (2019), dirigido por Otto Guerra. Para alcançar esse objetivo, adotamos o referencial teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso Multimodal (LEDIN; MACHIN, 2018). Desse modo, a análise dos elementos que compõem a narrativa audiovisual em questão recorreu às seguintes categorias: estágios narrativos, cenários, personagens, ritmo e som nas cenas. Dentre os resultados encontrados, podemos inferir que, em termos de estrutura narrativa, observa-se a configuração de um gênero distópico cuja orientação inicial revela um cenário sombrio e apresenta seus agentes opressores. Em seguida, a relação do protagonista com esse mundo antagonista é evidenciada. Na sequência, vem a complicação, que seria a tomada de consciência, quando o herói percebe os problemas do mundo a sua volta, tentando lutar contra esse sistema, finalizando com o desfecho, em que decorre a morte do protagonista. Cabe salientar que os recursos sonoros são fundamentais para sinalizar mudança de estágio na narrativa analisada. Já o cenário, em preto e branco, evoca uma atmosfera psicológica, sombria e dramática das ações desempenhadas pelos personagens, que nos convidam a refletir sobre os desvios e distorções existentes em nossas instituições sociais religiosas.
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