Teófilo Dias e o acúmulo de poéticas distintas em sua poesia
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2024.e99343Palavras-chave:
Teófilo Dias, Poéticas distintas, Estudo quantiqualitativoResumo
Neste artigo, apresento as marcas de estilo das poéticas Romantismo, Realismo e Parnasianismo na poesia de Teófilo Odorico Dias de Mesquita, poeta maranhense que viveu e produziu suas poesias durante os anos 70 e 80 do século XIX. Para isso, usei a ferramenta computacional Aoidos, a qual realiza escansão automática de poemas em português e em espanhol, e que fornece elementos formais de versificação como a quantificação dos metros, dos esquemas rítmicos e dos processos de acomodações silábicas. Além de análises qualitativas, leitura atenta de poemas que compõem Lira dos verdes anos (1878, Dias) e Cantos tropicais (1878, Dias), realizei, neste estudo, análises quantitativas em Fanfarras (1882, Dias) e em obras de poetas denominados românticos, realistas e parnasianos. Das análises informatizadas realizadas, destaco o levantamento automático dos esquemas métricos (precisamente dos versos de 6, 7, 10 e 12 sílabas), uso dos decassílabos heroicos e sáficos, emprego do verso alexandrino clássico e dos metaplasmos sinalefa e sinérese. Como resultado da pesquisa, concluo que não há uma uniformidade na poética do maranhense, conforme sugere Sílvio Romero (1905), por exemplo, para o qual seria Teófilo Dias o introdutor do Parnasianismo no Brasil quando publicou Fanfarras. Pelo contrário, vemos que existe um acúmulo de poéticas distintas em sua obra.
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