Hispanismos integrados no português do Rio Grande do Sul: a documentação de china nos dados ALERS
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2024.e101357Palavras-chave:
Hispanismos, Léxico do português, Rio Grande do SulResumo
Rio Grande do Sul, o estado mais sulino do Brasil, tem uma histórica marcada por uma fronteira linguística que confluem duas línguas do passado colonial da bacia do rio da Prata: o português e o espanhol. Essa fronteira foi instável por longo período e produziu uma situação de contato linguístico que deixou marcas evidentes no português sul-rio-grandense. Esse trabalho se situa na discussão já existente na pesquisa dialetal sobre a presença de hispanismos integrados ao léxico do português falado no Rio Grande do Sul dentro da área de discussão da influencia do espanhol no português gaúcho (Bunse e Klassmann, 1969; Lafin, 2011; Gonçalves, 2017; Rocha, 2008). Esse estudo se tem por foco a análise da lexia china nos dados geolinguísticos inéditos do Atlas Linguístico-Etnográfico da Região Sul do Brasil (ALERS). Um atlas que representa um corpus do português falado no três estados da região sul do Brasil. Seu Questionário semântico-lexical específico do Rio Grande do Sul (Altenhofen; Klassmann, 2011) gerou dados orais de informantes distribuídos em 95 pontos de inquérito espalhados pelo Rio Grande do Sul. Entre os dados, se encontra o castelhanismo china. Forma que, segundo a literatura, tem raízes na língua quéchua, mas que foi emprestada ao espanhol do cone sul da América do Sul (Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai), provavelmente em tempos remotos da colonização. Sua recolha se deu pela aplicação da pergunta n. 26 “O que é uma ‘china’? (mulher)” presente no mencionado questionário. Foi possível constatar que a palavra possui uma rica variedade de conteúdos semânticos por meio dos comentários metalinguísticos coletados. Entre as respostas de maior ocorrência está o uso de china para uma “mulher da vida”, para a esposa do gaúcho, mas também documentou-se o seu uso para uma mulher ou menina com traços indígenas.
Referências
BARROS, V. F. Dicionário de Falares das Beiras. Âncora Editora – Edições Colibri: Lisboa, 2010.
BARROS, V. F. & GUERREIRO; L. M. Dicionário de Falares do Alentejo. Editores Campos das Letras: Porto, 2005.
BECKER, I. I. B. O índio kaingáng e a colonização alemã. In: Sep. de Anais do 2º Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul, São Leopoldo - RS, 1976. p.45-71.
BLUTEAU, R. Vocabulario portuguez, e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico ... : autorizado com exemplos dos melhores escritores portuguezes , e latinos; e offerecido a El Rey de Portugal D. Joaõ V. Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de Jesu: Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1712-1728. 8 v; 2 Suplementos. Disponível em: https://www.bbm.usp.br/pt-br Acesso: en 13 de marzo de 2023.
COROMINAS, J. Diccionario Crítico Etimológico de la Lengua Castellana. Vol. 01 A-C. Berna: Editorial Francke, 1954.
COROMINAS, J. Diccionario Crítico etimológico Castellano e Hispánico. Madrid: Gredos, v. 2, 1980.
COVARRUBIAS OROZCO, S. de. Tesoro de la Lengua Castellana. Madrid: Melchior Sanchez, 1671.
MACHADO, J. P. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 3ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1977.
MORAIS, R. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Edições do Senado Federal, v. 175, 2013.
MORÍNIGO, M. A. Nuevo diccionario de americanismos e indigenismos. Buenos Aires: Claridad, 1998.
ORTÊNCIO, W. B. Dicionário do Brasil Central: subsídios à Filologia. Linguagem, usos e costumes. Folclore. Toponímia dos municípios goianos. São Paulo: Ática, 1983.
OYARZÚN, C. C. El castellano hablado en un área de contactos. 2ª Ed. Chile: Boletín de Filología, 2009. p. 39-63.
OLIVEIRA, A. J. de. Dicionário gaúcho: termos, expressões, adágios, ditados e outras barbaridades. 5ª ed. Porto Alegre: Editora AGE, 2013.
PEDERNEIRAS, R. Gerigonça carioca: verbetes para um dicionário da gíria. 2 ed. Rio de Janeiro: Livreiros Editores, 1946.
PEREIRA DA COSTA, F. A. Vocabulário pernambucano. Recife: Imprensa Official, 1937.
PIRES, M. Pequeno Vocabulário Mirandês-Português. Miranda do Douro: Edição Câmara Municipal de Miranda do Douro, 2004.
PIRES, A. T. Vocabulario alemtejano. Elvas: Antonio J. T. de Carvalho, 1913.
PRATA, M. Mas será o Benedito? Dicionário de provérbios, expressões e ditos populares. São Paulo: Globo, 1996.
SERRA e GURGEL, J. B. Dicionário de Gíria: modismo lingüístico, equipamento falado do brasileiro. 8ª ed. Brasília, DF: [s. n.], 2009.
SIMÃO, T. Dicionário do falar raiano de Marvão. 1ª Ed. Lisboa: Edições Colibri, 2016.
VIOTTI, M. Novo Dicionário da Gíria Brasileira. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Tupã, 1957.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Fernando Hélio Tavares de Barros, María Liz Benítez Almeida

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais de trabalhos publicados são dos autores, que cedem à Revista Working Papers em Linguística o direito de publicação, ficando sua reimpressão, total ou parcial, sujeita à autorização expressa da Comissão Editorial da revista. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
The names and email addresses entered in this journal site will be used exclusively for the stated purposes of this journal and will not be made available for any other purpose or to any other party.
Esta obra está licenciada sob licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial- 4.0 Internacional.