O gênero ombudsman na Análise Crítica do Discurso
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2009v10nespp69Resumo
Mediante análise de 18 colunas dos ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva (Folha de S. Paulo) e Rita Célia Faheina (O Povo), investigamos como o gênero ombudsman se constitui em meio à mobilização de diferentes vozes. Nosso suporte teórico é a Análise Crítica do Discurso e, mais especificamente, o modelo de análise de Fairclough (1989). Esse autor sugere que os dados sejam investigados por meio de três dimensões: como texto, como prática discursiva e como prática social. Para contemplar essas dimensões do enunciado, analisamos: a) na dimensão do texto, os participantes dos processos verbais expressos por verbos dicendi; b) na dimensão da prática discursiva, as estratégias de construção simbólica mobilizadas no texto; c) na dimensão da prática social, as relações sociais estabelecidas entre o ombudsman e seu público, a identidade social que o ombudsman constrói para si e os modos de operação da ideologia para manutenção da hegemonia do jornal. Os resultam sugerem que o gênero ombudsman pode compreender formas bastante diversas de interação. Silva cria a identidade de um ombudsman que trata de questões mais gerais do jornalismo, servindo como “consciência” do jornal. Já Faheina constitui-se como representante do leitor. Esses dois modos de operação do gênero podem estar relacionados ao leitor visado de cada jornal. Lins parece supor um leitor mais intelectualizado, enquanto Faheina parece prever leitores mais preocupados com questões cotidianas. As colunas têm em comum o fato de constituírem espaços para leitores exporem suas críticas, criando a impressão de que o monologismo e autoritarismo, inerentes ao jornalismo, estão relativizados. No entanto, a crítica possível não atinge o cerne do fazer jornalístico. Assim, pode ser largamente ilusória a pluralidade de vozes no espaço discursivo gerado pela coluna.
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