A colocação pronominal em complexos verbais na escrita de jornais brasileiros e europeus no decorrer dos séculos XIX e XX
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2013v14n2p85Resumo
Com base em uma análise variacionista diacrônica, de orientação laboviana, a presente pesquisa busca descrever o padrão da colocação pronominal em estruturas com complexos verbais em jornais produzidos no Brasil e em Portugal nos séculos XIX e XX. Consideraram-se as quatro variantes a seguir para a análise do fenômeno: cl V1 V2 (se deve fazer); V1-cl V2 (deve-se fazer); V1 cl V2 (deve se fazer); e V1 V2-cl (deve fazer-se), com base em dados coletados em anúncios, editoriais e notícias, sendo a maioria do corpus do Projeto Varport. Acredita-se que a variante considerada inovadora (V1 cl V2) não seria produzida pelos europeus nos dois séculos em questão, sendo realizada apenas na escrita brasileira, significativamente no século XX. Os resultados apontam que, no século XIX, o Brasil tende a seguir, com alguma variação, o padrão lusitano da colocação pronominal, que era o da próclise a V1, diante de elementos proclisadores em contextos não iniciais, e da ênclise a V1/V2 na ausência desses possíveis proclisadores. A partir do século XX, as produções do Brasil apresentam, de forma crescente, dados de próclise a V2, o que não ocorre em Portugal, que tende a distribuir equilibradamente as variantes pré e pós complexo verbal, sempre vinculadas às restrições estruturais, como as referentes aos tipos de proclisador, de clítico e de complexo verbal. Os resultados do fim do século XX sugerem que a escrita brasileira passa a incorporar, cada vez mais, as mudanças linguísticas já implementadas na fala vernacular.
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