As emoções e a transmissão linguística intergeracional: um estudo de caso

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DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2017v18n1p46

Resumo

Desde meados do século XIX, as línguas de imigração passaram a fazer parte de muitas sociedades no Brasil. Apesar de pressões nacionalistas, a transmissão linguística intergeracional conseguiu dar sobrevida a algumas dessas línguas, sobretudo pelo seu apelo emocional nos ambientes mais íntimos. Com base nos estudos sobre a relação entre língua e emoção (AVERILL, 1982; HARKINS; WIERZBICKA, 2001; DEWAELE; PAVLENKO, 2002; DEWAELE, 2013; PAVLENKO, 2012), apresentamos um estudo de caso que exemplifica uma situação real de transmissão lexical motivada por emoção. Durante um empreendimento comum, o deslocamento de uma casa de madeira, um grupo de pessoas conversa entre si em uma variedade do Português Brasileiro (PB) influenciada por traços da língua vêneta. Quando algo de errado acontece, as emoções afloram e o protagonista da cena pragueja na língua de seus ancestrais, numa demonstração de que práticas linguísticas podem permanecer no seio de comunidades de descendentes de imigrantes, mesmo que a língua tenha sofrido o processo de language shift, e que tais práticas têm maior probabilidade de se manifestar se motivadas por momentos que evocam emoção.

Biografia do Autor

Mario Luis Monachesi Gaio, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Europa-Universität Viadrina (EUV)

Doutor em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal Fluminense e pela Europa Universität Viadrina (cotutela); Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense; graduado em Letras com habilitação em português e italiano e suas respectivas literaturas (2007) pela Universidade Federal de Juiz de Fora; graduado em Engenharia Civil (1985) pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Atualmente é revisor de textos e tradutor de português - italiano - português.

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Publicado

2017-09-18