Investigando a estrutura morfossintática das formações em des-x-ar: um enfoque no fenômeno da parassíntese

Autores

  • Paula Roberta Gabbai Armelin Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Nilton Duarte Melo Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2018v19n1p90

Resumo

Este trabalho revisita a formação de verbos parassintéticos em des-X-ar no português brasileiro, a partir de uma perspectiva sintática (HALLE e MARANTZ, 1993). A parassíntese se caracteriza pela anexação simultânea de um sufixo e um prefixo a uma base, sendo que a ausência de algum desses elementos torna a construção agramatical (SAID ALI, 1966, CAMARA Jr., 1975; KEHDI, 2005; BASÍLIO, 2009). Trata-se de um processo interessante, pois parece desafiar a hipótese da ramificação binária. Descritivamente, propomos três padrões para as formações em des-X-ar: verbos não parassintéticos (desrespeitar); parcialmente parassintéticos (despentear) e totalmente parassintéticos (desossar). Na implementação da proposta desenvolvemos uma estrutura sintática estritamente binária, em que o prefixo des- pode aparecer em duas diferentes posições estruturais. Uma delas inclui a anexação do prefixo diretamente à raiz, o que tem como consequência o fato de o próprio prefixo integrar o processo de verbalização, entrando na estrutura antes do categorizador. Tal estrutura explica dados como desossar, por exemplo, em que, na ausência do prefixo, a formação se torna agramatical. Nessas estruturas, o prefixo em questão projeta seu rótulo na estrutura sintática. A segunda posição, por sua vez, é estruturalmente mais alta do que o núcleo categorizador e explica dados como despentear ou desrespeitar, por exemplo, em que, mesmo na ausência do prefixo, a formação é gramaticalmente possível. Nesses casos, o prefixo des- é considerado um adjunto, não alterando as propriedades formais da estrutura. Por fim, em ambas as estruturas, propomos que o argumento interno é inserido através do categorizador verbal.

Biografia do Autor

Paula Roberta Gabbai Armelin, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professora Adjunta no Departamento de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutora em Letras, na área de concentração Linguística Geral (2011-2015) pela Universidade de São Paulo. Realizou estágio Sanduíche na Queen Mary University of London (set/2013-ago/2014). Mestre em Letras, na área de concentração Linguística Geral (2009-2011) pela Universidade de São Paulo. Bacharel em Letras, com habilitação em Português e Francês (2005-2009) pela mesma universidade. Desde 2005, é membro do Grupo de Estudos em Morfologia Distribuída da Universidade de São Paulo (GREMD-USP). Também é membro do Núcleo de Estudos em Aquisição da Linguagem e Psicolinguística da Universidade de Juiz de Fora (NEALP-UFJF). Atualmente, sua pesquisa tem como foco a descrição e análise de aspectos morfológicos, sintáticos e morfossintáticos das línguas naturais, a partir de uma perspectiva formalista de gramática.

Nilton Duarte Melo, Universidade Federal de Juiz de Fora

Graduado em Letras/Português na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestrando em Linguística na mesma instituição. Tem interesse nas areas de morfologia e sintaxe. 

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Publicado

2018-09-13