Os caminhos do subsistema de tratamento pernambucano à 2ªps: as relações nas cartas de amor dos anos 50 em duas variedades
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8420.2021.e75239Resumo
O presente estudo objetiva apresentar o mapeamento dos caminhos percorridos pelo subsistema de tratamento pernambucano para a expressão pronominal de segunda pessoa do singular (VOCÊ e TU) no século XX. Para isso, analisamos a frequência de uso das formas de tratamento variantes TU e VOCÊ ocupando a posição sintática de sujeito em 72 cartas do subgênero amor, produzidas em duas localidades do estado de Pernambuco, sendo elas a região metropolitana de Recife e a região do alto Sertão do Pajeú. O material organizado compreende amostras da capital, referente aos anos de 1949 a 1950, e do sertão, de 1956 a 1958. Para tal, partimos pelos caminhos da linguística sócio-histórica do português brasileiro (MATTOS & SILVA, 2004), ancorados na perspectiva teórico-metodológica da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008[1972]), associadas ao modelo das Tradições Discursivas (KABATEK, 2006). Para obtenção dos dados na posição de sujeito das amostras da Capital e do Sertão, consideramos como dados intra e extralinguísticos: (i) realização concreta das formas de tratamento (relativo ao preenchimento ou não-preenchimento da posição de sujeito); (ii) exclusividade e não exclusividade dos pronomes em uma mesma missiva (uso de uma mesma forma pronominal ou uso em alternância das formas na posição de sujeito); (iii) Gênero; e, por fim, (iv) padrão de organização morfossintática (concordância com 2a ou 3a pessoas). Por conseguinte, obtivemos os seguintes resultados: a) maior produtividade de VOCÊ sobre TU nas amostras da capital pernambucana; b) distribuição proporcional entre as formas variantes em cartas do alto Sertão do Pajeú; c) preferência de uso dos pronomes como formas concretas preenchidas nas amostras das duas localidades; e d) três paradigmas de concordância para o uso de TU e VOCÊ em posição sintática de sujeito nas duas variedades.
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