O parâmetro locação na Língua Brasileira de Sinais

Autores

  • Bruna Estefani Libano Alves Universidade Federal de Santa Catarina image/svg+xml
  • Aline Lemos Pizzio Universidade Federal de Santa Catarina image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2024.e96475

Palavras-chave:

Aspectos fonético-fonológicos, Locações, Sublocações, Libras

Resumo

Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa mais ampla que investigou o parâmetro locação na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Inicialmente introduzido nas pesquisas sobre a Língua Americana de Sinais (ASL) na década de 60 por Stokoe, o parâmetro locação é um dos três parâmetros fonológicos básicos da ASL, juntamente com configuração de mão (CM) e movimento (M). Embora tenha sido adaptado para a Libras com base nas propostas de Friedman por Ferreira-Brito em 1995, a descrição fonético-fonológica das locações dos sinais na Libras ainda é incipiente. Neste estudo, partimos da hipótese de que os sinais da Libras podem apresentar mais de uma locação principal e que essas locações principais podem ser compostas de sublocações. Utilizando um corpus de 3068 sinais selecionados a partir do Libras Signbank, analisamos 327 sinais para identificar aqueles que apresentam múltiplas locações principais e sinais com mais de uma sublocação. Os resultados revelaram que, dentro do corpus analisado, alguns sinais apresentam mais de uma locação principal e, em alguns casos, também possuem sublocações. As sublocações foram categorizadas em três tipos: sinais com ambas as sublocações ancoradas no corpo, sinais com uma sublocação ancorada no corpo e outra não-ancorada, e sinais com sublocações no espaço neutro, ou seja, com duas locações não-ancoradas. Além disso, observamos que existe uma distinção entre locações, sublocações e pontos de contato nos sinais, contribuindo para um aprofundamento dos estudos fonético-fonológicos da Libras e uma melhor compreensão da complexidade desse parâmetro na língua de sinais brasileira.

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Publicado

2024-08-12