O Nunca Mais é a fera: ensaio sobre perda e predileção
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2013n15p227Resumo
A partir da leitura (escuta) dos poemas reunidos em Cantares de perda e predileção, de Hilda Hilst (1930-2004), o seguinte artigo propõe uma retomada e subversão de temas e topoi poéticos encontrados em escritos de Sor Juana Ines de La Cruz (1651-1695) no poema Primero Sueño. As pistas são fornecidas pela própria Hilda Hilstquando insere nos Cantares a epígrafe com versos da monja mexicana. Percorrendo essa afinidade eletiva, revelam-se cisões e conflitos de opostos complementares na metáfora medieval da lírica trovadoresca em seus cantos ao amor inatingível. Hilda Hilst utiliza-se dos motivos dos trovadores para renovar a voz da linguagem na dura batalha do ódio-amor travada em torno do objeto inapreensível. Perda e luto são elementos poéticos inseridos na melancolia dos cantos, em que as teorias do fantasma de Eros fundem-se ao Narcisismo e ao desejo de conhecimento. O artigo tenta recompor o fluxo incondicional da poesia como ut pictura poesis, como pensamento imaginativo, pintura como diz Agamben “no sentido de que a poesia possui o seu objeto sem o conhecer, e de que a filosofia o conhece sem o possuir [...]”.
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