Ao rés do chão — Figuras da prosa nas poéticas de Fernando Assis Pacheco e Manuel de Freitas
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p45Resumo
Este artigo busca pensar as configurações da ideia de prosa no âmbito temático (presença do quotidiano e de elementos banais) e formal (linguagem simples, prosaica e narrativa, com termos e expressões do dia a dia) na obra poética de Fernando Assis Pacheco (1937-1995) e Manuel de Freitas (1972 — ). Atentando-nos especialmente para como cada um expressa sua relação com a poesia e seu entendimento dela por meio do discurso poético e, no caso de Manuel de Freitas, também do crítico, intenta-se salientar como essas obras, ainda que distantes temporalmente — já que Freitas só começa a publicar nos anos 2000 —, compartilham uma noção não-aurática de poesia, por vezes escrevendo, como diria outro poeta, “ao nível das priscas/dos outros” e declarando categoricamente para que “Peçam a grandiloquência a outros/ acho-a pulha no estado actual da economia” ou, ainda, que “Onde se lê poesia deve ler-se nada” , declarando a impotência do próprio gesto de escrita poética.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Ideia da prosa. Trad. João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1999.
ALFÉRI, Pierre. Rumo à prosa. Trad. Masé Lemos e Paula Glenadel. Alea – Estudos Neolatinos. v. 15, n. 2, jul. / dez. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/alea/v15n2/11.pdf. Acesso em: 27 julho 2018.
ALVES, Ida. Quando o poeta vai à guerra: paisagens de morte e ainda amor. In: CAVALCANTI PADILHA, Laura; SILVA, Renata Flavia da. De guerras e violências: palavra, corpo, imagem. Niterói: Editora da UFF, 2011, p. 95-103.
BERARDINELLI, Alfonso. Da poesia à prosa. Trad. Maria Betania Amoroso. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2007.
CESARINY, Mário. Manual de prestidigitação. Lisboa: Assírio & Alvim, 2008.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka: por uma literatura menor. Trad. Cíntia Vieira da Silva. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2014.
FREITAS, Manuel de. O tempo dos puetas. In: Poetas sem Qualidades. Lisboa: Averno, 2002.
FREITAS, Manuel de. [Sic]. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002.
FREITAS, Manuel de. Cretcheu Futebol Clube. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.
FREITAS, Manuel de. Terra Sem Coroa. Vila Real: Teatro da Vila Real, 2007.
FREITAS, Manuel de. Estádio. Lisboa: Edição de autor, 2008.
FREITAS, Manuel de. Jukebox 3. Vila Real: Teatro de Vila Real, 2012.
FREITAS, Manuel de. Incipit. Lisboa: Averno, 2015.
GANCHO, António. O ar da manhã. Lisboa: Assírio & Alvim, 1995.
MAFFEI, Luis. Este cantar dos anos de pobreza. In: I Colóquio Internacional de Poesia Portuguesa Moderna e Contemporânea, UFMG, 2016.
MAGALHÃES, Joaquim Manuel. Dois Crepúsculos: sobre poesia portuguesa actual e outras crónicas. Lisboa: A Regra do Jogo, 1981.
PACHECO, Fernando Assis. A musa irregular. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.
PACHECO, Fernando Assis. Respiração Assistida. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.
SISCAR, Marcos. Figuras de prosa: a ideia da “prosa” como questão de poesia. In: SCRAMIM, Susana; SISCAR, Marcos; PUCHEU, Alberto (Orgs). O duplo estado da poesia: modernidade e contemporaneidade. São Paulo: Iluminuras, 2015, p. 29-40.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os artigos e demais trabalhos publicados na outra travessia passam a ser propriedade da revista. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e data dessa publicação.
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.