Poesia ao grau de brinquedo: Uma leitura de Manoel de Barros

Autores

  • Rafaela Moreira Rodrigues UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2020.e72333

Resumo

Este artigo propõe uma leitura crítica da poesia de Manoel de Barros - com ênfase nos poemas presentes no livro Memórias Inventadas. As Infâncias de Manoel de Barros -, tendo em vista a preocupação com o exercício poético presente na obra. Na verdade, verifica-se a existência de um jogo dinâmico caracterizado por uma poesia que se quer reflexiva ao passo que evoca a materialidade feita “brinquedo”. As metapoesias, frequentes nessa obra, deixam claro que o desejo do poeta é alcançar algo que é anterior à palavra e, portanto, pretende situar-se no princípio do que se pode dizer, por isso, é recorrente o uso de referências como a criança, os pássaros e/ ou os andarilhos. Essa situação primitiva/primordial parece ser a fronteira entre perceber o mundo e as coisas e conceituá-los. Isto é, entre a percepção sensorial e a organização do sentido dessas coisas em linguagem, acontece uma “travessia”, um deslocamento de uma condição para outra. Diante disso, foi possível indagar de que maneira a poesia se realiza como brinquedo e arte de brincar pelo “trans-uso” da linguagem, ou seja, pensar as relações entre brinquedo e poesia observando a possibilidade de serem instrumentos que viabilizam o deslocamento entre significantes e significados.

Biografia do Autor

Rafaela Moreira Rodrigues, UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Mestra em Teoria Literária e Literatura Brasileira, atualmente doutoranda em Literatura Comparada. Linha de Pesquisa: Literatura, História e Cultura.

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Publicado

2021-08-26