Memória, Imagem e Arquivo: a potência arquivística da ficção de Décio Pignatari
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2020.e73375Resumo
Este texto analisa a produção do escritor Décio Pignatari, observando o desenvolvimento de uma potência arquivística em sua ficção, em diálogo com as reflexões desenvolvidas na teoria literária, psicanálise e na bibliografia dos textos. Considerando os pressupostos concretistas de antissubjetivismo e de equivalência entre a forma e o conteúdo na construção literária (isomorfismo), analisa-se as modulações desses princípios nos livros O rosto da memória e Panteros, de notório teor autoficcional. O princípio de isomorfismo, simultaneamente, atualiza e é atualizado pela relação entre a literatura e as escritas de si na contemporaneidade, pois, por um lado, insere à materialidade dos livros textualidades próprias a um arquivo pessoal e, por outro, recupera à cena do texto o sujeito enquanto um signo da composição autoficcional.
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