Idealizar um mundo novo é o melhor: crônicas utopianas já
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2024.e98266Palavras-chave:
Walter Benjamin, crônica, oralidade e escritura, conversação, utopiasResumo
Segundo Drummond (2004), a crônica pode ser feita de fatos ou ficções. Este artigo pretende refletir sobre o poder das crônicas (tempo), da conversação (oralidade e escritura) trazendo à luz as utopias entre os sujeitos específicos, o passado e o presente progressista que impedem a realização das utopias na grande literatura e na literatura menor (crônicas, contos, poemas). Então, olharemos com os ouvidos e escutaremos com os olhos à luz de Walter Benjamin e outros sobre o gênero-híbrido crônica, considerando as conexões oralidade e escritura, história e memória. O leitor atento percebe logo que o cronista desenha tudo o que vê, a vida que ninguém enxerga nem valoriza “e narra os acontecimentos, sem distinguir entre os grandes e os pequenos e leva em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser considerado perdido para a história” (Benjamin, 1996, p. 223).
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o Poder Soberano e Vida Nua. Trad. de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.
ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
ASHCROFT, Bill. Utopianism in postcolonial literatures. London: Routledge, 2017.
ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas de Machado de Assis. São Paulo: Ática, 1994.
BALLESTRIN, Luciana Maria de Aragão. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 2, p. 89-117, 2013.
BEAUCHESNE, Kim; SANTOS, Alessandra. The Utopian Impulse in Latin America. New York: Palgrave MacMillan, 2011.
BELLO, Enzo. O pensamento descolonial e o modelo de cidadania do novo constitucionalismo latino-americano. RECHTD - Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, São Leopoldo, v. 7, p. 49-61, 2015.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2006.
BUTLER, Octavia. Parábola do Semeador. Trad. Carolina Caires Coelho. São Paulo: Editora Morro Branco, 2018.
C NDIDO, Antônio. A Crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. São Paulo: Editora UNICAMP, 1993.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Brasília: Edição Senado, 2016.
DUSSEL, Enrique. “Europa, modernidade e eurocentrismo”. In: Lander, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americana. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 55-70.
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Trad. Regina Salgado Campos. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
FEDERICI, Sílvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação Primitiva. São Paulo: Elefante Editora, 2023.
FOUCAULT, Michel. “A vida dos homens infames”. In: O que é um autor? Lisboa: Veja! Passagens, 1992.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do Céu. Palavras de um Xamâ Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
MARKS, Peter et al. The Palgrave handbook of utopian and dystopian literatures. New York: Palgrave MacMillan, 2022.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade o lado mais escuro da modernidade. 2010. Trad. Marco Oliveira. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/nKwQNPrx5Zr3yrMjh7tCZVk/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 10 mar. 2024.
MIGNOLO, Walter. “Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 01-17, 2017a.
MIGNOLO, Walter. “Desafios decoloniais hoje”. In: Revista Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, n. 1, v. 1, p. 12-32, 2017b.
MORE, Thomas. Utopia. Trad. Maria Isabel Gonçalves Tomás. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2009.
PORTELA, Eduardo. “A cidade e a letra”. In: Dimensões I. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1958.
PRADO, Maria Lígia. Utopias latino-americanas: política, sociedade e cultura. São Paulo: Contexto, 2021.
PRATA, Antônio. Trinta e poucos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
PROUDHON, Pierre Joseph. O que é a propriedade. Lisboa: Estampa, 1971.
QUIJANO, Aníbal. “Colonialidade do poder e classificação social”. In: SANTOS, B. de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
RAABE, Wilhelm. A Crônica da Rua dos Pardais. (Org.) Ulrike Koller. Deutschland: Reclam, 1997.
RUSHDIE, Salman. Os filhos da meia-noite. Trad. Donaldson Garschagen. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SCLIAR, Moacyr. Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009.
SOUZA, Waldson et al. Raízes do amanhã: 8 contos afro-futuristas. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2021.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os artigos e demais trabalhos publicados na outra travessia passam a ser propriedade da revista. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e data dessa publicação.

Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.