O romance de Ytanajé Cardoso e a iminência da perda etnolinguística do povo munduruku: uma leitura de Canumã: a travessia (2019)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2024.e98606Palavras-chave:
Literatura Indígena, Ytanajé Cardoso, Perda EtnolinguísticaResumo
Este artigo objetiva expor de que modo a iminência da perda etnolinguística do povo munduruku amazonense foi transposta à literatura em Canumã: a travessia, livro de estreia de Ytanajé Cardoso, publicado em 2019. Importa analisar o primeiro romance escrito por um indígena da etnia
munduruku, dentro da ótica dos estudos pós-coloniais e decoloniais, sob fundamentação teórica principal de Mignolo (2020). A intenção é potencializar os estudos literários de autoria indígena no que concerne a análises de obras desvinculadas do padrão eurocêntrico, que servem como resposta ao colonizador. As perspectivas críticas escolhidas como chaves de leitura possibilitam combater a dominação psíquica colonial nos campos do conhecimento. Elas indicam a necessidade de se defrontar, através da linguagem literária, realidades e discursos que reproduzam subalternidades. Ao mesmo tempo, apontam para caminhos que desestabilizam as referências estéticas canonizadas.
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