Comunicação química em veados-catingueiros (Mazama gouazoubira) na natureza

Autores

  • Juliano André Bogoni Universidade Federal de Santa Catarina
  • Rafael Barbizan Sühs Universidade Federal de Santa Catarina
  • Maurício Eduardo Graipel Universidade Federal de Santa Catarina
  • Nivaldo Peroni Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7925.2017v30n1p113

Resumo

A comunicação química, em especial a marcação odorífera, é intensa em veados, com a marcação de território feita principalmente pelos machos. Apresentamos gravações em vídeo de pelo menos dois veados-catingueiros (macho e fêmea) que estão desenvolvendo comunicação química através de marcas de cheiro. Os vídeos demonstram a deposição de fezes e urina várias vezes pelos animais, provavelmente para o desenvolvimento de interação intrassexual e secundariamente para demarcações territoriais. A comunicação química observada é possivelmente relacionada à reprodução. Essas marcas territoriais são particularmente importantes para evitar a competição intraespecífica por recursos e parceiros sexuais.

Biografia do Autor

Juliano André Bogoni, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestrado em Ecologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (2012-2014), Especialização em Biologia da Conservação pela Universidade de Passo Fundo (UPF) (2010-2011) e Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade do Contestado (UnC) (2005-2008). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (2014-2018) com trabalho de pesquisa envolvendo diferentes áreas de ecologia terrestre, incluindo modelagem de nicho, etnoecologia e ecologia de espécies vegetais da Floresta Ombrófila Mista em associação com a fauna de mamíferos. Particular interesse em ecologia de mamíferos e de plantas da Floresta Ombrófila Mista, sobretudo interações entre mamíferos e plantas, modelagem de distribuição, etnoecologia e ecologia histórica de mamíferos e de plantas da Mata Atlântica subtropical.

Rafael Barbizan Sühs, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Ciências Biológicas/Bacharelado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2009) e Mestrado em Geoecologia pela Universidade de Tübingen, Alemanha (2013). Experiência nas áreas de botânica e ecologia, sendo a última a atual área de interesse. Doutorando em Ecologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Maurício Eduardo Graipel, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e Doutorado em Biociências pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2003). Tem experiência na área de ecologia animal. 

Nivaldo Peroni, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1993), Mestrado em Genética pela Universidade de São Paulo (1998) com ênfase em evolução, domesticação de plantas e genética ecológica, Doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (2004) e Pós-doutorado em Ecologia Humana pelo NEPAM e Museu de História Natural (UNICAMP). Tem se dedicado no estudo do conhecimento ecológico local (TEK) e de fatores antrópicos que influenciam na conservação, perda e amplificação de biodiversidade, especialmente quanto às abordagens em ecologia histórica, domesticação e evolução de plantas, conservação e uso de biodiversidade, ecologia vegetal, etnoecologia e análise de dados.

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Publicado

2017-02-21

Edição

Seção

Comunicações Breves