A melancolia na literatura

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Moacyr Scliar

Resumo

Há muito em comum entre literatura e medicina. Ambas tem a ver, em última análise, com a condição humana; e nada é mais revelador da condição humana do que a doença. Quando a pessoa está doente, sobretudo quando está gravemente doente, caem suas máscaras, suas defesas, e ela se revela tal qual é. Mas esta é uma situação que precisa ser expressa através da palavra, e de novo, este é um elo comum. A literatura usa a palavra como instrumento estético; a medicina usa a palavra como forma de investigação, como meio de comunicação e também como terapia – a ?talk therapy?, que é a denominação dada pelos norte- americanos à psicoterapia. E as palavras têm peso: câncer, por exemplo. Uma das tarefas do médico é convencer o paciente que ?câncer é uma palavra, não um veredicto?, como diz em título de livro oncologista e professor da Universidade de Toronto, Robert Buckman. Finalmente, tanto literatura como medicina têm a ver com narrativa, no primeiro caso como obra de um escritor, no segundo como a forma pela qual o paciente fala de seus problemas. A medicina baseada em narrativa (narrativa esta que vai além da anamnese; é antes uma história de vida) é hoje vista como uma forma de compreender o paciente como pessoa. A literatura, tanto a literatura de ficção como a ensaística, pode nos falar da doença e

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Como Citar
SCLIAR, Moacyr. A melancolia na literatura. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 1–12, 2011. DOI: 10.5007/cbsm.v1i1.68422. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68422. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Artigos originais