Reforma Psiquiátrica e Epistemologia

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Paulo Duarte de Carvalho Amarante

Resumo

A dimensão epistemológica refere-se ao conjunto de questões que se situam no campo teórico-conceitual e que dizem respeito à produção de conhecimentos que fundamentam e autorizam o saber/fazer médico-psiquiátrico. Aqui se incluem a revisão do próprio conceito de ciência como produção de Verdade, ou de neutralidade das ciências, quanto dos conceitos produzidos pelo referencial epistêmico da psiquiatria, tais como o conceito de alienação/doença mental, isolamento terapêutico, degeneração, normalidade/anormalidade, terapêutica e cura, dentre outros. Neste empreendimento epistemológico, dois conceitos têm sido fundamentais para o processo. O primeiro é o de desinstitucionalização na tradição basagliana que, superando àquele da experiência norte-americana, passou a designar as múltiplas formas de tratar o sujeito em sua existência e em relação com as condições concretas de vida. Nesta tradição, a clínica deixaria de ser o isolamento terapêutico ou o tratamento moral pinelianos, para tornar-se criação de possibilidades, produção de sociabilidades e subjetividades. O sujeito da experiência da loucura, antes excluído do mundo da cidadania, antes incapaz de obra ou de voz, torna-se sujeito, e não objeto de saber.

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Como Citar
AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Reforma Psiquiátrica e Epistemologia. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 34–41, 2011. DOI: 10.5007/cbsm.v1i1.68425. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68425. Acesso em: 23 nov. 2024.
Seção
Artigos originais