Histórico e análise da concepção de transtornos do comportamento disruptivo

Conteúdo do artigo principal

Tiago de Matos Peixoto
https://orcid.org/0000-0002-0034-6082
Maria Rita de Assis César
https://orcid.org/0000-0002-5843-2899

Resumo

Este artigo disserta sobre o surgimento e evolução dos transtornos disruptivos, tomando como base as edições do Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM), apresentando considerações sobre diferenças de gênero e as implicações associadas à ideia de comportamento disruptivo. Entre os pontos relevantes estão a constatação da associação histórica entre o surgimento de aspectos de gênero na discussão psicopatológica e a emergência do grupo dos transtornos do comportamento disruptivo. Identifica-se que esta relação traz dificuldades de ordem teórica e prática decorrentes da ausência de diálogo com o campo da educação, de onde a ideia de comportamento disruptivo emerge; da heterogeneidade do conceito e da relação que ele estabelece com outras categorias nosológicas na literatura vigente. Por fim, evidencia-se o pouco enfoque na avaliação dos impactos histórico, cultural e moral nas definições dos transtornos disruptivos e a incipiência diretrizes para as práticas clínicas e de pesquisa que tenham como objetivo integrar os aspectos de gênero na matriz de desenvolvimento e estruturação desta classe de comportamentos.

Detalhes do artigo

Como Citar
PEIXOTO, Tiago de Matos; ASSIS CÉSAR, Maria Rita de. Histórico e análise da concepção de transtornos do comportamento disruptivo. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 15, n. 42, p. 83–105, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/74314. Acesso em: 26 abr. 2024.
Seção
Artigos originais
Biografia do Autor

Tiago de Matos Peixoto, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Psicólogo. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Maria Rita de Assis César, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e pós-doutora pela Université Paris-Est Créteil Val-de-Marne, França. Professora no Departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Referências

ALLEN, Jennifer L., HWANG, S., HUIJDING, J. Disruptive behavior disorders. In: HUPP, S., JEWELL, J. (Ed) The Encyclopedia of Child and Adolescent Development: Social Development in Adolescence (Vol.9) John Wiley and Sons Inc: New Jersey, p. 1-13.

APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual: Mental Disorders. American Psychiatric Association Mental Hospital Service: Washington, 1952.

APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-II). American Psychiatric Association: Washington, 1968.

APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Third Edition (DSM-III). Washington: American Psychiatric Publishing, 1980.

APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. DSM-5-TR. Washington: American Psychiatric Publishing, 2022.

APA - ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios mentais. DSM. 3ª edição. Revisão. Tradução Lúcia Helena Siqueira Barbosa; revisão técnica Sylvio Giordano Júnior. São Paulo: Manole, 1989.

APA - ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM. 4ª edição. Tradução Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

APA - ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed; 2000.

APA -ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BATHIA, M. S. Dictionary of Psychology and Allied Sciences. New Age Internation Publishers: New Dellhi, 2009.

BORDIN, Isabel Altenfelder Santos., OFFORD, David. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Revista Brasileira de Psiquiatria. vol 22, n.2, 12-15, 2000.

CAPONI, Sandra Noemi. Dispositivos de segurança, psiquiatria e prevenção da criminalidade: o TOD e a noção de criança perigosa. Saúde Soc. São Paulo, vol. 27, n. 2, p. 298-310, 2018.

CARDOSO, Fernando Luiz., SABBAG, Samantha., BELTRAME, Thais Silva. Prevalência de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade em relação ao gênero de escolares. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, vol. 9, n.1, p. 50-54, 2007.

COÊLHO, Bruno Mendonca., SANTANA JR, Geilson Lima. Uma breve história da psiquiatria da infância e a adolescência. In: COELHO, B.M., PEREIRA, J. G., ASSUMPÇÃO, T. M., SANTANA JR, G. L. Psiquiatria da infância e da adolescência: guia para iniciantes. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2014, p. 24-35.

FACION, José Raimundo. Transtornos do desenvolvimento e do comportamento. 3ª edição revista e atualizada. Curitiba, Ibpex, 2007

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5ª edição. Curitiba: Positivo, 2010.

FERREIRA, Antônio Gomes. Dicionário de Latim-Português. Porto: Porto, 1983.

FIGUEIREDO, Candido de. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. 1913. Disponível em: http://dicionario-aberto.net/dict.pdf Acesso em: 19 ago. 2022.

GHOSH, S., SINHA, M. ADHD, ODD, and CD: Do They Belong to a Common Psychopathological Spectrum? A Case Sires. Case Reports in PsychIatry, Volume 2012, p.1-4, 2012.

HAIG, David. The Inexorable Rise of Gender and the Decline of Sex: Social Change in Academic Titles, 1945–2001. Archives of Sexual Behavior, Vol. 33, No. 2, p. 87–96, April 2004.

HINSHAW, Stephen., PARK, Teron. Research problems and issues: toward a more definitive science of disruptive behavior disorders. In: QUAY, H. C., HOGAN, A. E. (Ed.) Handbook of Disruptive Behavior Disorders. Springer Science+Business Media: New York, 1999, p. 593-620.

HORA, Ana L. T., SILVA, Simone S. da C,, RAMOS, Maély F, H,, PONTES, Fernando A. R., NOBRE João P. dos S. A prevalência do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): uma revisão de literatura. Revista da Associação Portuguesa de Psicologia, vol. 29, n. 2, 2015.

HUDEC, Kristen L., MIKAMI, A. Y. Diagnostic Issues for ODD/CD with ADHD Comorbidity. In: LOCHMAN, J. E., MATTHYS, Walter (Eds) The Wiley Handbook of Disruptive and Impulse-Control Disorders. John Wiley & Sons Ltda: New Jersey 2017. p. 19-36.

KAPALKA, George. Treating Disruptive Disorders: A Guide to Psychological, Pharmacologial, and Combined Therapies. Routledge: New York, 2015.

KARLIN, Muriel., BERGER, Regina. Discipline and the disruptive child: a pratical guide for elementary teachers. Parker Publishing: New York, 1972.

KARLIN, Muriel., BERGER, Regina. Como lidar com o aluno problema. Editora Interlivros: Belo Horizonte, 1977.

LEVY, Florence. Child and adolescent changes to DSM-5. Asian Journal of Psychiatry, 11, 2014, p. 87-92.

MARMORATO, Paulo Germano. Transtornos opositivo-desafiador e de conduta. In: POLANCZYK, G. V., LAMBERT, M. T (Orgs) Psiquiatra da infância e adolescência. Coleção Pediatria do Instituto da Criança/Hospital das Clínicas da FMUSP. Barueri: Manole, 2012. p.154-162.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10. Classificação dos Transtornos Mentais e do Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

PEREIRA, Mario Eduardo Costa. Morel e a questão da degenerescência. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 11, n. 3, p. 490-496, setembro 2008.

PETROVIC, Michelle A., SCHOLL, Adam T. Why we need a single definition of disruptive behavior. Cureus, v. 10, n. 3, e2339, 2018.

PIERÓN, Henri. Dicionário de Psicologia. 7ª edição. Revista e Ampliada. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

POLANCZYK, Guilherme Vanoni. Em busca das origens desenvolvimentais dos transtornos mentais. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 31, n. 1, p. 6-12, 2009.

QUAY, Herbert C., HOGAN, Anne E. Handbook of Disruptive Behavior Disorders. New York: Springer Science+Business Media New York, 1999.

REZENDE, Antonio Martinez de., BIANCHET, Sandra Braga. Dicionário do latim essencial. 2ª edição revisada e ampliada. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

RUSSO, Jane., VENÂNCIO, Ana Teresa. Classificando as pessoas e suas perturbações: a "revolução terminológica" do DSM III. Rev. Latinoam. Psicopat. Fundam, v. 4, n. 3, p. 460-483, 2006.

SALISBURY, Taylor. The Relationship Between Oppositional Defiant Disorder, Conduct Disorder, Antisocial Personality Disorder and Psychopathy: A Proposed Trajectory. Western Undergraduate Psychology Journal, 1 (1), Article 2, 2013.

SERRA-PINHEIRO, Maria Aparecida, MATTOS, Paulo, REGALLA, Maria Angélica, SOUZA, Isabella de, PAIXÃO, Cristiane. Inattention, hyperactivity, oppositional-defiant symptoms and school failure. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 66, n. 4, p. 828-831, 2008.

SERRA-PINHEIRO, Maria Aparecida, SCHMITZ, Marcelo, MATTOS, Paulo, SOUZA, iSABELLA. Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, n. 4, p. 273-276, 2004.

SHORTER, Edward. A historical dictionary of psychiatry. Oxford University Press: Oxford, 2005.

SILVA, Luna Rodrigues Freitas. Transtorno da conduta: uma oportunidade para a prevenção em saúde mental? Interface - Comunic., Saúde, Educ., v. 15, n. 36, p.165-73, jan./mar. 2011.

SPIZZIRRI, Giancarlo., PEREIRA, Carla Maria de Abreu., ABDO, Carmita Helena Najjar. O termo gênero e suas contextualizações, Diagn Tratamento, v. 19, n. 1, p. 42-44, 2014.

STOREBØ, Ole Jakob., SIMONSEN, E. The Association Between ADHD and Antisocial Personality Disorder (ASPD): A Review. Journal of Attention Disorders, 20 (10): 815-24, 2016.

TEIXEIRA, Pedro M. DSM I, II, III, IV, 5 (1952-2013) Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 31, n. 3, p. 164-165, 2015.

THAKURDAS, Harold., THAKURDAS, Lyn. Dictionary of Psychiatry. MTP Press Limited: Lancaster, 1979.

THIENGO, Daianna Lima., CAVALCANTE, Maria Tavares., LOVISI, Giovanni Marcos. Prevalência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes e fatores associados: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 63, n. 4, p. 360-372, 2014.

TOLAN, Patrick H., LEVENTHAL, Bennett L. Introduction: Connecting brain development, disruptive behavior, and children. In: HOLAN, P. H., LEVENTHAL, B. L. (Ed.) Disruptive behavior disorders. Springer Science and Business Media: New York, 2013, p. 1-12.

TWYFORD, Jennifer M. Oppositional Defiant Disorder. Communiqué, v. 43, n. 6, March/April 2015.

VANDEBOS, Gary R. APA dictionary of psychology. 2nd Edition. American Psychological Association: Washington, DC; 2015.

WANG, Yuan-Pang. P., ANDRADE, Laura Helena Silveira Guerra de. Diagnóstico em psiquiatria. In: FORLENZA O. V., MIGUEL, E. C. (Orgs.) Compêndio de clínica psiquiátrica. Barueri: Manole, 2012, p. 3-14.

WIDIGER, Thomas A. DSM'S Approach to gender: history and controversies. In: NARROW, W. E. at al (Editors) Age and gender considerations in psychiatric diagnosis: a research agenda for DSM-V. American Psychiatric Association: Arlington, 2007, p. 19-29.