O caso do sequestro do bebê: a violência do estado e as possibilidades de resistir

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Daniela Tonizza de Almeida
Vanessa Andrade Barros

Abstract

A partir do relato de um episódio em que o poder público “sequestra” o bebê de uma usuária dentro de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III), problematizamos como o Estado tem produzido práticas segregativas e mortíferas, especialmente direcionadas às populações que vivem à margem do mundo do trabalho, por meio de uma construção discursiva, em que a droga ilícita, com destaque para o crack, assume o caráter de um mal social a ser extirpado. O episódio em pauta evidencia grave violação dos direitos tanto das mulheres usuárias de drogas e com trajetória de rua quanto de seus filhos recém-nascidos. Em nome da proteção à vida do bebê, utilizam-se dispositivos biopolíticos no intuito de controlar determinadas populações apartadas socialmente através de critérios socioeconômicos, raciais, de gênero e saúde.  Tais práticas e a violência que as constitui repercutem diretamente sobre os trabalhadores e serviços que ofertam o cuidado às mães e seus bebês, por ferirem a ética que orienta suas atividades. É necessário encontrar formas de resistir à toda violência estrutural que perpassa trabalhadores e usuários, tanto no âmbito individual, na gestão do próprio trabalho, quanto no âmbito coletivo, da articulação e fortalecimento de movimentos sociais cuja pauta é a garantia de direitos humanos e sociais das minorias políticas.

Article Details

How to Cite
ALMEIDA, Daniela Tonizza de; BARROS, Vanessa Andrade. O caso do sequestro do bebê: a violência do estado e as possibilidades de resistir. Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 9, n. 24, p. 148–176, 2017. DOI: 10.5007/cbsm.v9i24.69627. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69627. Acesso em: 31 aug. 2024.
Section
3º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental
Author Biographies

Daniela Tonizza de Almeida, Universidade Federal de Minas Gerais

Terapeuta Ocupacional, doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Técnica Superior de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte

Vanessa Andrade Barros, Universidade Federal de minas Gerais

Psicóloga, Doutora em Sociologia, Univerté de Paris VII, Professora Associada do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.