A influência do uso de substâncias psicoativas nos cuidados maternos segundo mães usuárias: um estudo qualitativo

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Fábio de Carvalho Mastroianni
Eloísi Balsaneli
Júlia Nogueira Palamin

Resumo

O uso de substâncias psicoativas vem se tornando cada vez mais frequente e no Brasil, entre a população feminina, tem ocorrido um considerável aumento deste consumo. O estudo buscou conhecer a percepção de mães usuárias de substâncias psicoativas sobre o exercício dos cuidados maternos, visando analisar se elas percebem alguma influência deste uso no cuidado com os filhos. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de natureza qualitativa, que contou com a participação de 7 (sete) mulheres-mães com idade superior a dezoito anos diagnosticadas com problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas. O contato com esta população foi intermediado pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) de um município localizado no interior do estado de São Paulo. Foram realizadas entrevistas individuais e os dados coletados submetidos à técnica de análise de conteúdo. Os resultados apontam que as participantes associam o uso destas substâncias a momentos difíceis de suas vidas e que a percepção sobre a relação entre o uso e o exercício dos cuidados maternos não é homogênea. Conclui-se que entre os aspectos que influenciam a percepção, a continuidade ou não do uso se mostra relevante, pois àquelas que se descreveram abstinentes apresentaram percepção mais integrada sobre os riscos destas práticas no cuidado com os filhos se comparadas às que afirmaram continuar usando. O desejo de interromper o uso também se relaciona com o papel materno, na medida em que os filhos são citados como a principal fonte de motivação para a busca de tratamento.

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Como Citar
MASTROIANNI, Fábio de Carvalho; BALSANELI, Eloísi; PALAMIN, Júlia Nogueira. A influência do uso de substâncias psicoativas nos cuidados maternos segundo mães usuárias: um estudo qualitativo. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 11, n. 28, p. 151–169, 2019. DOI: 10.5007/cbsm.v11i28.69389. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69389. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Artigos originais
Biografia do Autor

Fábio de Carvalho Mastroianni, Universidade de Araraquara e Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Profissional graduado em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com Especialização em Dependência de Drogas e Mestrado na área de Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Experiência com atendimento a pacientes psiquiátricos em ambiente de ambulatório, hospital dia, internação e comunidade terapêutica. Docente nos cursos de graduação de Psicologia e Direito do Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) em disciplinas como: Psicopatologia, Teorias e Técnicas Psicoterápicas, Saúde Coletiva e Políticas Públicas e Psicologia Jurídica (Direito e Psicologia) e, supervisor de estágio em Psicologia Clínica e em atenção básica à saúde. Professor e orientador em cursos de Pós Graduação (Lato Sensu) em disciplinas relacionadas à Dependência de Drogas e Psicologia Jurídica pela UNISÃOPAULO e UNIARA. Em conjunto a essas atividades exerce o cargo de Psicólogo Judiciário no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo nas Varas de Infância e Juventude/Família e Sucessões e tem interesse em pesquisas referentes aos temas: dependência de drogas, infância, adolescência e família.