Em um mundo de incertezas: um survey sobre controle interno em uma perspectiva pública e privada

Autores

  • Rossana Guerra de Sousa Universidade Federal da Paraíba
  • Saulo Diógenes Azevedo Santos Souto Universidade Federal Rural de Pernambuco
  • Antônio Moreira Nicolau Universidade Federal Rural de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8069.2017v14n31p155

Resumo

Sob a perspectiva da uniformização entre a teoria e a prática quanto à gestão do controle interno nos segmentos público e privado, tendo a estrutura do COSO ICIF 2013 como base, este estudo tem como objetivo identificar como as organizações têm implementado o conceito, as dimensões centrais do controle interno e quais os desafios envolvidos neste processo. A partir da percepção dos atores organizacionais, que avaliam estas questões no seu contexto institucional, foi conduzido um survey com uso da escala de medição de Likert. Os dados foram analisados em conjunto e, em sequência, descritiva e comparativamente entre os segmentos público e privado com teste Mann-Whitney. Os resultados apontam que, nos dois segmentos, o conceito de controle é majoritariamente identificado com sua forma funcional, o que pode impactar na eficácia da gestão do sistema de controle, especialmente quanto à definição da responsabilização sobre as ações de controle na entidade.  Os respondentes, públicos e privados, convergem na percepção da relativa implementação das dimensões de controle relacionadas ao ambiente de controle e sistemas de informação e comunicação, tendo como principais desafios visualizados a institucionalização da gestão de riscos, atividades de controle e, com destaque, do monitoramento. Os achados refletem a dificuldade da absorção e institucionalização de conceitos e das dimensões centrais estruturadas para a gestão dos controles nas organizações públicas e privadas. Este cenário pode conduzir à ineficiência do sistema de controle, implementado ou idealizado, gerando custos sem a contraprestação da obtenção dos benefícios relacionados ao alcance dos objetivos organizacionais. A atuação na divulgação e profissionalização do segmento de gestão de controles pode se constituir em uma das poucas alternativas viáveis para contornar este cenário, desde que unida, de modo indissociável, à decisão dos gestores públicos e privados neste caminho.

Biografia do Autor

Rossana Guerra de Sousa, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Ciências Contábeis pelo Programa Multi-institucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (UnB/UFPB/UFRN)

Professora do Departamento de Finanças e Contabilidade da Universidade Federal da Paraíba

Saulo Diógenes Azevedo Santos Souto, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Mestre em Controladoria pela Programa de Pós-Graduação em Controladoria Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Antônio Moreira Nicolau, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Mestre em Controladoria pela Programa de Pós-Graduação em Controladoria Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Referências

ANTHONY, R. N. Planning and control systems: Framework for analysis. Boston, MA: Harvard University Press, 1965.

______; GOVINDARAJAN, V. Management control systems. 9. ed. Boston, MA: Irwin McGraw-Hill, 1998.

BARNIER, B. Why controls have become wasteful, a false sense of security, and dangerously distracting and how to fix it. EDPACS. v. 51, n. 5, 2015. http://dx.doi.org/10.1080/07366981.2015.1041815

BERBIA, P. Evaluación eficaz del sistema de control interno. Altamonte Springs, FL: Institute of Internal Auditors Research Foundation, 2010.

BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1964.

______. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a reforma administrativa e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1967.

______. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

______. Lei Complementar no. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2000.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e Controladoria Geral da União. Instrução Normativa Conjunta nº 01, de 10 de maio de 2016. Dispõe sobre controles internos, gestão de riscos e governança no âmbito do Poder Executivo Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 maio 2016.

CANADIAN INSTITUTE OF CHARTERED ACCOUNTANTS (CICA). Guidance on Control, Criteria of Control Board.,995.

CHENHALL, R. H. Management control systems design within its organizational context: findings from contingency-based research and directions for the future. Accounting Organizations and Society. v. 28. n.2-3, p. 127-168, 2003. http://doi.org/10.1016/S0361-3682(01)00027-7

______; MOERS, Frank. The role of innovation in the evolution of management accounting and its integration into management control. Accounting Organizations and Society. v. 47. p. 1-13. November 2015. http://doi.org/10.1016/j.aos.2015.10.002

CHUNG, H. K.; CHONG, Lee H.; JUNG, H. K. (1997). Korean management: global strategy and cultar transformation. New York: Walter de Gruyter & Co, 1997.

COELHO, J. E. X.. O controle interno na perspectiva constitucional. In: BLIACHERIENE; A. C., AZEVEDO, M. V.; RIBEIRO, J. B. (Coords.). Controladoria no setor público. Belo Horizonte: Fórum, 2016. p. 61-73.

COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION - COSO. Internal Control - Integrated Framework - Executive Summmary. 2013. Disponível em: <http://www.coso.org/documents/990025P_Executive_Summary_final_may20_e.pdf>. Acesso em: dez. 2015.

______. Internal Control - Integrated Framework.1992.

DAL VESCO, D.; FERNANDES, F. C.; RONCON, A. Controles de gestão atrelados ao gerenciamento de risco: uma análise das produções científicas brasileiras sob a perspectiva de redes sociais. Redes. Revista hispana para el análisis de redes sociales, [S.l.], v. 25, n. 2, p. 163-185, jul. 2014. ISSN 1579-0185.

FERNANDES, F. C., HEINZMANN, L.M., WIENHAGE P. Controles internos: comparativo entre estruturas padrão. In: SEMEAD Seminário em Administração, 13.. Anais…, 2010. Disponível em: . Acesso em 01 de Jul. 2015.

HEWEGE, C. R.. A critique of the mainstream management control theory and the way forward. SAGE Open, v. 2, n. 4, p.1-11. Oxtorber- December, 2012.

HOPWOOD. Anthony. An empirical study of the role of accounting data in performance evaluation. Journal of Accounting Research, v. 10, p. 82-152, 1972. DOI: 10.2307/2489870

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC) Gerenciamento de Riscos Corporativos – Evolução em Governança e Estratégias – Versão Audiência Pública. São Paulo, 2016.

SEC. Senate and House of Representatives of the United States of America in Congress assembled. PUBLIC LAW 107–204—JULY 30, 2002. Disponível em: <https://www.sec.gov/about/laws/soa2002.pdf>. Acesso em: 01 de abril de 2014.

INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SUPREME AUDIT INSTITUTIONS – INTOSAI. Guidelines for internal control standards for the public sector – ISSAI 1900. 2004. Disponível em: <http://www.intosai.org/issai-executive-summaries/view/article/intosai-gov-9100-guidelines-for-internal-control-standards-for-the-public-sector.html> Acesso em: dez. 2015.

KPMG. Internal Control: A Practical Guide. Institute of Chartered Accountants in England and Wales. October 1999. Disponível em: <http://www.ecgi.org/codes/documents/kpmg_internal_control_practical_guide.pdf> Acesso em: 15 ago. 2016.

______. Mesa de debates das mudanças promovidas pelo COSO 2013: desafios para adotar os princípios. São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.kpmg.com/BR/PT/Estudos_Analises/artigosepublicacoes/Paginas/coso.aspx> Acesso em: 10 jan. 2016.

LAKIS, V.; GIRIUNAS, L. The concept of internal control systems: theoretical aspect. Ekonomika. v. 91. n.2, p. 142-152, 2012.

LANGFIELD-SMITH, Kim. Management control systems and strategy: A critical review. Accounting, Organizations and Society, v. 22, n. 2, p. 207-232, 1997.

LEE. T. A. The historical development of internal control from the earliest times to the end of the seventeenth century. Journal of Accounting Research, v. 9, n. 1, p. 150-157, 1971.

MACINTOSH, N. B. Management accounting and control systems: An organizational and behavioral approach. New York : John Wiley & Sons Ltd. , 1994.

MERCHANT, K. Budgeting and the propensity to create budgetary slack. Accounting, Organization and Society, v.10. n.2 p. 201-210, 1985.

OUCHI, W. G. A conceptual framework for the design of organizational control mechanisms. Management Science, v.25 n. 25, p. 833-848, 1979.

RICHARDSON, V. J.; PETERS, G.F.; HAISLIP, J.Z. The effect of auditor IT expertise on internal controls. International Journal of Accounting Information Systems. n.20, p. 1-15, 2016

ROBERTS, N.; CANDREVA, P. J. Controlling internal controls. Public Administration Review, v. 66, n. 3, p. 463-465, 2006.

WALSH, J., SEWARD, J. On the efficiency of internal and external corporate control mechanism. Academy of Management Review, Jahrgang, v.15. p. 421–458, 1990.

WICKRAMASINGHE, D.; HOPPER, T. A cultural political economy of management accounting controls: A case study of a textile mill in a traditional Sinhalese village. Critical Perspectives on Accounting. v.16, n. 14, p. 473-503. May 2005.

Downloads

Publicado

2017-04-03

Como Citar

Sousa, R. G. de, Souto, S. D. A. S., & Nicolau, A. M. (2017). Em um mundo de incertezas: um survey sobre controle interno em uma perspectiva pública e privada. Revista Contemporânea De Contabilidade, 14(31), 155–176. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2017v14n31p155

Edição

Seção

Artigos