Excesso de confiança: análise comparativa da capacidade cognitiva de julgamento entre profissionais de mercado e estudantes de graduação
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8069.2019v16n40p169Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo verificar a relação do viés cognitivo excesso de confiança entre profissionais de mercado e estudantes de graduação. O procedimento utilizado para coleta de dados foi a aplicação de um questionário com perguntas popularmente conhecidas como questões de conhecimento geral, sendo que, para cada questão, o indivíduo aponta sua confiança na resposta dada. A pesquisa contou com uma amostra de 424 indivíduos das três áreas científicas: Humanidades, Ciências Exatas e Ciências da Vida, sendo 270 estudantes de graduação e 154 profissionais já estabelecidos no mercado de trabalho. Para análise do excesso de confiança foi utilizado o modelo formulado por Murphy (1973), cuja fórmula derivou do Brier Score. Também foram verificadas as relações quanto à calibração, por meio da metodologia de Lichtenstein, Fischhoff e Phillips (1982), e a acuidade, proporção de respostas corretas. Os resultados demonstraram que os profissionais de mercado são mais excessivamente confiantes do que os estudantes de graduação. Os estudantes acertaram proporcionalmente mais questões em cada categoria de confiança, mas obtiveram uma menor calibração em seus julgamentos de probabilidade. Além disso, verificou-se, também, a relação entre o excesso de confiança, acuidade e calibração no tocante à qualificação dos profissionais, à relação entre gêneros feminino e masculino relacionados às três áreas científicas, entre idade, entre os cursos mais representativos da amostra e o grau de dificuldade das questões.
Referências
BARROS, L. Decisão de financiamento e de investimento das empresas sob a ótica de gestores otimistas e excessivamente confiantes. 261 f. Tese de doutorado do Programa de Pós graduação em Administração da Universidade de São Paulo, 2005. DOI: 10.11606/T.12.2005.tde-07082007-224658.
BELKAOUI, A. Behavioral management accounting. Londres: Quorum Books, 2002
BOHNER, G.; RANK, S.; REINHARD, M.A.; EINWILLER, S.; ERB, H.P. Motivational determinants of systematic processing: expectancy moderates effects of desired confidence on processing effort. European Journal of Social Psychology, Vol. 28, p. 185-206, 1998. DOI: 10.1002/1099-0992.
BRIER, G.W. Verification of forecasts expressed in terms of probability. Monthly Weather Review, January, 1950.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC 00. Conselho Federal de Contabilidade, p. 10, 2012.
DUNNING, D.; GRIFFIN D.W.; MILOJKOVIC, J.D.; ROSS, L. The overconfidence effect in social prediction. Journal of personality and social psychology, v. 58, n. 4, p. 568, 1990. DOI: 10.1037/0022-3514.58.4.568.
ERCEG, N.; GALIC, Z. Overconfidence bias and conjunction fallacy in predicting outcomes of football matches. Journal of Economic Psychology, 2014. DOI: 10.1016/j.joep.2013.12.003.
FAMA, E. Efficient Capital Markets: A Review of Theory and Empirical Work. The Jornal of Finance, v. 25. No. 2, p. 383-417, 1970. DOI: 10.1111/j.1540-6261.
FERREIRA, C.F.; YU, A.S.O. Todos acima da média: excesso de confiança em profissionais de finanças. Revista de Administração, v.38, p. 101-111, 2003.
FREITAS, AU de. Avaliando o Comportamento de Gestor Especialista em Ações Sob a Ótica de Behavioral Finance. Faculdade de Economia e Finanças–IBMEC.. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, 2006.
GRIFFIN, D.; TVERSKY, A. The weighing of evidence and the determinants of confidence. Cognitive psychology, v. 24, n. 3, p. 411-435, 1992. DOI: 10.1016/0010-0285.
KAHNEMAN, D. Maps of bounded rationality: Psychology for behavioral economics. The American Economic Review, v. 93, n. 5, p. 1449-1475, 2003. DOI: 10.1257/000282803322655392.
KAHNEMAN, D.; RIEPE, M. W. Aspects of investor psychology. Journal of Portfolio Management, v. 24, n. 4, p. 52-65, 1998. DOI: 10.3905/jpm.1998.409643.
KAHNEMAN, D. Thinking, Fast and Slow, Farrar, Straus and Giroux, New York, 2012
KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. On the reality of cognitive illusions. Psychological Review, v. 103, n. 3, p. 582-591, 1996. DOI: 10.1037/0033-295X.103.3.582.
KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk. Econometrica, v. 47, p. 263-291, 1979. DOI: 10.1142/9789814417358.
KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. Subjective probability: A judgment of representativeness. Cognitive Psychology, v. 3, p. 430-454, 1974. DOI: 10.1016/0010-0285.
KIMURA, H. Aspectos comportamentais associados às reações do mercado de capitais. RAE-eletrônica, v. 2, n. 1, jan./jun. 2003. DOI: 10.1590/S1676-56482003000100007.
LICHTENSTEIN, S.; FISCHHOFF, B.; PHILLIPS, L. D. Calibration of probabilities. The state of the art to 1980. Organizational Behaviour and Human Performance, p. 275-324, 1982.
LICHTENSTEIN, S.; FISCHHOFF, B. Do those who know more also know more about how much they know? The calibration of probability judgments. Organizational Behavior and Human Performance, v. 20, p. 159-183, 1977. DOI: 10.1016/0030-5073.
LIMA FILHO, Raimundo; BRUNI, Adriano Leal; SAMPAIO, Márcio. A Influência do Gênero, Idade e Formação na Presença de Heurísticas EM Decisões de Orçamento: Um Estudo Quase experimental. Revista Universo Contábil, v. 8, n. 2, p. 103-117, 2012. DOI: 10.4270/ruc.2012215.
LUCENA, E. Análise da relação entre a capacidade cognitiva e a ocorrência dos vieses cognitivos da representatividade no julgamento. Tese. (Doutorado em Ciências Contábeis). Programa Multi-institucional e inter-regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.
MILANEZ, D.Y. Finanças comportamentais no Brasil. Dissertação de Mestrado em Economia das Instituições e do Desenvolvimento, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
PIMENTA, D. P.; BORSATO, J. M. L. S.; RIBEIRO, K. C. Um estudo sobre a influência das características sociodemográficas e do excesso de confiança nas decisões dos investidores, analistas e profissionais de investimento à luz das Finanças Comportamentais. REGE-Revista de Gestão, v. 19, n. 2, p. 263-280, 2012. DOI 10.57/rege462.
PLOUS, S. The psychology of judgment and decision making. McGraw-Hill, 1993.
SAMPAIO, Márcio Santos et al. Excesso de confiança e Controladoria: Um estudo envolvendo práticas orçamentárias. Revista de Finanças Aplicadas, v. 1, p. 20, 2012.
SANTOS, João Victor Joaquim et al. Fatores Determinantes do Grau de Excesso de Confiança dos Estudantes de Ciências Contábeis. Revista Contabilidade e Controladoria, v. 11, n. 1, 2019. DOI: 10.5380/rcc.v11i1.54092.
SHIMIZU, T. Decisão nas Organizações. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
SILVA AGUIAR, Elizabeth et al. A influência de gênero, idade, formação e experiência nas decisões de investimentos: uma análise do efeito confiança. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, v. 4, n. 3, p. 44-55, 2016. DOI: 10.18405/recfin20160303.
ULRICH, N. Cognitive psychology. Appleton-Century-Crofts, New York, 1967.
ZAKAY, D.; TSAL, Y. The impact of using forced decision-making strategies on post-decisional confidence. Journal of Behavioural Decision Making, v. 63, 1993. DOI: 10.1002/bdm.3060060104.
ZINDEL, M. T. L. Finanças Comportamentais: o viés cognitivo excesso de confiança em investidores e sua relação com as bases biológicas. Tese de Doutorado em Engenharia de Produção. Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.
YATES, J. F.; LEE, J.; SHINOTSUKA, H. Beliefs about Overconfidence, Including Its Cross-National Variation. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 1996. DOI: 10.1006/obhd.1996.0012.
YOSHINAGA, C.E; OLIVEIRA, R.F.; SILVEIRA, A.D.M.; BARROS, L.A.B.C. Finanças comportamentais: uma introdução. REGE Revista de Gestão, v. 15, n. 3, p. 25-35, 2008. DOI: 10.5700/ISSN.2177-8736.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais para artigos publicados neste periódico são do autor, com direitos de primeira publicação para a Revista. Em virtude de aparecerem nesta Revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais, de exercício profissional e para gestão pública. A Revista adotou a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional - CC BY NC ND. Esta licença permite acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos desde que com a citação da fonte, atribuindo os devidos créditos de autoria. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou um capítulo de livro).
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
