Agressividade fiscal em sociedades de economia mista no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8069.2020v17n43p136

Resumo

Este artigo objetivou identificar se o poder executivo no controle das empresas é um determinante de postura fiscal menos agressiva, pela análise comparativa da agressividade fiscal entre as Sociedades de Economia Mista e as empresas com controle privado listadas na Bovespa. A agressividade foi avaliada no período de 2009 a 2013 através de três métricas: a Taxa Efetiva de Tributação (ETR), a Diferença entre Lucro Contábil e Lucro Tributário (BTD), e a carga tributária divulgada na Demonstração do Valor Adicionado (TTVA). Os resultados das regressões confirmaram a hipótese principal na tributação sobre o lucro e também na tributação sobre o faturamento, pois as Sociedades de Economia Mista se apresentaram com valor maior e significativo de ETR e TTVA, indicando menor agressividade fiscal. Apesar do resultado da BTD não ser conclusivo para indicar o perfil de agressividade, pode-se afirmar, pelas outras variáveis, que o controle acionário pelo poder executivo é um determinante de menor agressividade fiscal no mercado brasileiro.

Biografia do Autor

Antonio Lopo Martinez

Doutor em Contabilidade na Universidade de São Paulo (USP)

Doutorando em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Fabio Pereira Motta

Mestre em Contabilidade Gerencial e Tributária na FUCAPE Business School

Referências

BEUREN, I.;A. SÖTHE. A teoria da legitimidade e o custo político nas evidenciações contábeis dos governos estaduais da região sudeste do Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 3, n. 5, 2009. doi: 10.11606/rco.v3i5.34734

BRASIL, Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Carta Magna - Senado Federal. 1988.

BRASIL, Decreto Lei nº 200 de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 1967.

BRASIL, Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 2007.

CHEN, S. et al. Are family firms more tax aggressive than non-family firms?. Journal of Financial Economics, v. 95, n. 1, p.41-61, 2010. doi:10.1016/j.jfineco.2009.02.003.

CHIACHIO, V. F. DE O.; MARTINEZ. A. L. Efeitos Do Modelo de Fleuriet e Índices de Liquidez Na Agressividade Tributária. Revista de Administração Contemporânea v. 23, n. 2, p.160–81. 2019. doi: 10.1590/1982-7849rac201918023

COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva. 2003.

DESAI, M. A.; DHARMAPALA, D. Corporate tax avoidance and high-powered incentives. Journal of Financial Economics, v. 79, n. 1, p.145-179. 2006. doi:10.1016/j.jfineco.2005.02.002

DYRENG, S. D.; HANLON, M.; MAYDEW, E. L. Long-run corporate tax avoidance. The Accounting Review, v. 83, n. 1, p. 61-82. 2008. doi:10.2308/accr.2008.83.1.61

FORMIGONI, H.; POMPA ANTUNES, M.T.; PAULO; E.. Diferença entre o lucro contábil e lucro tributável: uma análise sobre o gerenciamento de resultados contábeis e gerenciamento tributário nas companhias abertas brasileiras. BBR-Brazilian Business Review, v. 6, n. 1. 2009. doi: 10.15728/bbr.2009.6.1.3

GODOI, M. S. de. Uma Proposta de Compreensão e Controle dos Limites da Elisão Fiscal no Direito Brasileiro. Estudo de casos. In Yamashita DOUGLAS org. Planejamento Tributário à Luz da Jurisprudência. São Paulo: Ed. Lex, pp. 252-253. 2007.

HANLON, M.; The persistence and pricing of earnings, accruals, and cash flows when firms have large book-tax differences. The accounting review, v. 80, n. 1, p. 137-166. 2005. doi: 10.2308/accr.2005.80.1.137

HANLON, M.; S. HEITZMAN. A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, v. 50, n. 2, p. 127-178. 2010. doi:10.1016/j.jacceco.2010.09.002

JONES, J. J., Earnings management during import relief investigations. Journal of accounting research, v. 29, n. 2, p. 193-228. 1991. doi:10.2307/2491047

LANIS, R.; RICHARDSON, G. The effect of board of director composition on corporate tax aggressiveness. Journal of Accounting and Public Policy, v. 30, n. 1, p. 50-70. 2011. doi: 10.1016/j.jaccpubpol.2010.09.003

LIETZ, G. M. Tax avoidance vs. tax aggressiveness: A unifying conceptual framework. Working Paper, University of Münster. 2013

LOPO MARTINEZ, A.; FERREIRA. B. A. Business Strategy and Tax Aggressiveness in Brazil. Journal of Strategy and Management, v. 12, n. 4, p. 522–35. 2019. doi: 10.1108/JSMA-03-2019-0040

LOPO MARTINEZ, A., SALLES, A. F. Agressividade Tributária e Cash Holdings: Um Estudo Das Companhias Abertas Brasileiras. Revista de Contabilidade da UFBA, v. 12, n. 3, p. 4-23, 2018. doi: 10.9771/rc-ufba.v12i3.24890

LOPO MARTINEZ, A., SILVA. R. Do Brazilian Publicly Traded Companies That Pay Less Tax Create More Jobs? Revista Catarinense de Ciência Contábil, v.19, p.1-13, 2020. doi: 10.16930/2237-766220202894

MARTINEZ, A. L.; RODRIGUES. A. M. The Effect of Corporate Diversification on Tax Aggressiveness in Brazilian Companies. Contabilidade, Gestão e Governança, v. 23, n. 1, p. 38–55. 2020. doi: 10.21714/1984-3925_2020v23n1a3

MARTINEZ, A. L.; NOBRE, R. Agressividade Fiscal e o Comportamento da Chief Executive Officer – CEO Feminina no Brasil. Revista Mineira de Contabilidade 19(3):5–14. 2018. doi: 10.21714/2446-9114RMC2018v19n3t01

MARTINEZ, A. L. Agressividade Tributária: um survey da literatura. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade. v. 11, Edição Especial, p. 108-126, 2017. doi:10.17524/repec.v11i0.1724

MARTINEZ, A. L.; RAMALHO, G. C. Family Firms and Tax Aggressiveness in Brazil. International Business Research, v. 7, n. 3, p.129. 2014. doi:10.5539/ibr.v7n3p129

MILLS, L. F. Book-tax differences and Internal Revenue Service adjustments. Journal of Accounting research, v. 36, n. 2, p. 343-356. 1998. doi: 10.2307/2491481

PETRONI, K. R.; SHACKELFORD, D. A. Managing annual accounting reports to avoid state taxes: An analysis of property-casualty insurers. The Accounting Review, v. 74, n. 3, p. 371-393. 1999. doi:10.2308/accr.1999.74.3.371.

PHILLIPS, J. D., Corporate tax-planning effectiveness: The role of compensation-based incentives. The Accounting Review, v. 78, n. 3, p. 847-874, 2003. doi:10.2308/accr.2003.78.3.847

PHILLIPS, J. D.; PINCUS, M. REGO, S. O. Earnings management: New evidence based on deferred tax expense. The Accounting Review, v. 78, n. 2, 491-521. 2003. doi: 10.2308/accr.2003.78.2.491

PROCIANOY, J. L., Os Conflitos de Agência entre Controladores e Minoritários nas Empresas Brasileiras Negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo: Evidencias através do comportamento da política de dividendos após as modificações tributárias ocorridas entre 1988 e 1989. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo – USP. 1994.

RAINEY, H. G.; BACKOFF, R. W.; LEVINE, C. H. Comparing public and private organizations. Public Administration Review, v. 36, n. 2, p. 233-244. 1976. doi:10.2307/975145

SANDFORD, C. T.; GODWIN, M. ; HARDWICK, P. Administrative and compliance costs of taxation. Bath: Fiscal Publication, 1989.

SANTOS, A; HASHIMOTO, H. Demonstração do valor adicionado: algumas considerações sobre carga tributária. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 38, n. 2. 2003.

SCHOUERI, L. E. Planejamento Tributário e o Propósito Negocial. São Paulo: Quartier Latin. 2010.

SHACKELFORD, D. A.; SHEVLIN, T. Empirical tax research in accounting. Journal of Accounting and Economics, v. 31, n. 1, p. 321-387. 2001. doi:10.1016/S0165-4101(01)00022-2

Downloads

Publicado

2020-06-29

Como Citar

Martinez, A. L., & Motta, F. P. (2020). Agressividade fiscal em sociedades de economia mista no Brasil. Revista Contemporânea De Contabilidade, 17(43), 136–148. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2020v17n43p136

Edição

Seção

Artigos