Esta é uma versão desatualizada publicada em 2020-12-14. Leia a versão mais recente.

Fundamentos microdinâmicos do subdesenvolvimento: aportes evolucionários à teoria da dependência de Celso Furtado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8085.2020.e78056

Resumo

O artigo objetiva revisitar o conceito de dependência cultural e de subdesenvolvimento de Celso Furtado a partir do approach evolucionário, mas especificamente através das abordagens institucionalista e neo-schumpeteriana, Nossa hipótese de trabalho é a de que a dependência cultural pode ser entendida como uma instituição histórica, uma espécie de hábito cognitivo de larga duração. O hábito da modernização de padrões de consumo estrangeiros é uma forma de aprisionamento institucional-cognitivo, que constrange o desenvolver da criatividade no agentes econômicos locais. Tal aprisionamento institucional restringe a dinâmica inovativa das empresas nacionais, pois desenvolvem-se em um sistema econômico onde a estrutura de incentivos premia ações imitativas em detrimento de processos de busca por inovações disruptivas. Temporalmente, o hábito emulador dos agentes locais, enraizado secularmente nos processos cognitivos da sociedade, leva as empresas a desenvolverem “genes pouco criativos”, limitando-as em termos microdinâmicos a liderarem a dinâmica competitiva schumpeteriana.

Referências

AREND, M.; FAGOTTI, V. Z.; MOREIRA, A. G. Cultura e Histerese Institucional: A dependência furtadiana como uma instituição histórica. Nova Economia, v. 29, n. Especial, p. 1305–1330, 2019.

BIELSCHOWSKY, R. Sixty years of ECLAC: Structuralism and neo-structuralism. CEPAL Review, Santiago, n. 97, p.171-192, abr. 2009.

CÁRIO, S. A. F. Contribuição do Paradigma Microdinâmico Neo-Schumpeteriano à Teoria Econômica Contemporânea. Textos de Economia, v. 6, n. 1, p. 155–170, 1995.

CHAVANCE, B. Institutional Economics. Abingdon: Routledge, 2008

COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. A. Innovation and Learning: The two faces of R&D. The Economic Journal, Oxford University Press Oxford, UK, v. 99, n. 397, p. 569–596, 1989.

COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. A. Absorptive Capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 1, p. 128–152, 1990.

DOPFER, K. The Pillars of Schumpeter’s Economics: Micro, meso, macro. In: HANUSCH, H.; PYKA, A. (Ed.). Elgar Companion to Neo-Schumpeterian Economics. Cheltenham: Edward Elgar, 2007. p. 65–77.

DOSI, G. Technological Paradigms and Technological Trajectories. Research policy, v. 2, n. 3, p. I47–62, 1982.

DOSI, G. Mudança Técnica e Transformação Industrial: A teoria e uma aplicação à indústria de semicondutores. Editora Unicamp, Campinas, 2006. [1984].

FAJNZYLBER, F. La Industrialización Trunca de América Latina. Ciudad de Mexico: Editorial Nueva Imagen, 1983.

FORAY, D. Tacit and Codified Knowledge. In: HANUSCH, H.; PYKA, A. (Ed.). Elgar Companion to Neo-Schumpeterian Economics. Cheltenham: Edward Elgar, 2007. p. 235–247.

FURTADO, C. Teoria Política do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1983. [1967].

FURTADO, C. A Superação do Subdesenvolvimento. Economia e Sociedade, v. 3, n. 1, p. 37–42, 1994.

FURTADO, C. O Mito do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Paz e Terra, 1996. [1974].

FURTADO, C. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Um enfoque interdisciplinar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. [1980].

FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. [1959].

FURTADO, C. Criatividade e Dependência na Civilização Industrial. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. [1978].

FURTADO, C. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2009. [1962].

HANUSCH, H.; PYKA, A. Principles of Neo-Schumpeterian Economics. Cambridge Journal of Economics, Oxford University Press, v. 31, n. 2, p. 275–289, 2006.

HODGSON, G. M. The Approach of Institutional Economics. Journal of Economic Literature, JSTOR, v. 36, n. 1, p. 166–192, 1998.

HODGSON, G. M. What Is the Essence of Institutional Economics? Journal of Economic Issues, Taylor & Francis, v. 34, n. 2, p. 317–329, 2000.

HODGSON, G. M. The Hidden Persuaders: Institutions and individuals in economic theory. Cambridge Journal of Economics, Oxford University Press, v. 27, n. 2, p. 159–175, 2003.

HODGSON, G. M. What Are institutions? Journal of Economic Issues, Taylor & Francis, v. 40, n. 1, p. 1–25, 2006.

LAM, A. et al. Tacit Knowledge, Organisational Learning and Innovation: A societal perspective. DRUID, 1998. v. 98.

MALERBA, F. Learning by Firms and Incremental Technical Change. The EconomicJournal, JSTOR, v. 102, n. 413, p. 845–859, 1992.

MILAGRES, R. Rotinas – Uma revisão teórica. Revista Brasileira de Inovação, v. 10, n. 1, p. 161–196, 2011.

MONASTÉRIO, L. Guia para Veblen: Um estudo acerca da economia evolucionária. Pelotas: Edufpel, 1998.

NELSON, R.; WINTER, S. An Evolutionary Theory of Economic Change. Cambridge, MA: The Belknap Press of Harvard University Press, 1982.

PERROUX, F. The Domination Effect and Modern Economic Theory. Social Research, JSTOR, p. 188–206, 1950.

RODRÍGUEZ, O. O Estruturalismo Latino-Americano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. [2006].

RUTHERFORD, M. Veblen’s Evolutionary Programme: A promise unfulfilled. Cambridge Journal of Economics, Oxford University Press, v. 22, n. 4, p. 463–477, 1998.

RUTHERFORD, M. Institutional Economics: Then and now. Journal of Economic Perspectives, v. 15, n. 3, p. 173–194, 2001.

SCHUMPETER, J. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. [1942].

SCHUMPETER, J. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997. [1911].

STEPHAN, P. E. The Economics of Science In: HALL, B.; ROSEMBERG, N. (Ed.).Handbook of the Economics of Innovation. Amsterdan: Elsevier, 2010. v. 1, p.218–274.

VEBLEN, T. Why is Economics Not an Evolutionary Science? The Quarterly Journal of Economics, JSTOR, v. 12, n. 4, p. 373–397, 1898.

VEBLEN, T. Theory of the Leisure Class. Oxford: Oxford University Press, 2007. [1899].

WILLIAMSOM, O. The New Institutional Economics: Taking stock, looking ahead. Journal of Economic Literature, v. 38, n. 3, p. 595–613, 2000.

ZYSMAN, J. How Institutions Create Historically Rooted Trajectories of Growth. Industrial and Corporate Change, Oxford University Press, v. 3, n. 1, p. 243–283, 1994.

Downloads

Publicado

2020-12-14

Versões

Edição

Seção

Artigos