Esquecer, recordar e construir: entre memória e fabulação no cinema de Adirley Queirós

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1806-5023.2024.e96786

Palavras-chave:

Cinema, Trauma, memória coletiva

Resumo

Desde o média-metragem A cidade é uma só? (2012), o diretor Adirley Queirós vem lançando mão de misturas entre documentário e ficção para construir memórias de moradores da periferia de Brasília. No longa Branco sai, preto fica (2014), tramas ficcionais ainda mais densas e complexas são adicionadas à narrativa documental, na medida em que vítimas da invasão policial ao Baile do Quarentão, tema central do filme, passaram a apresentar dificuldades ao falarem sobre suas experiências traumáticas diante das câmeras. Por meio de um diálogo entre o pensamento de Walter Benjamin, Sigmund Freud, Gilles Deleuze e Henri Bergson, o presente artigo investiga a ficção no cinema de Adirley, como um fenômeno próprio da formação da memória.

Biografia do Autor

Luiz Magalhães Costa, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Mestrando em Memória Social

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Programa de Pós-Graduação em Memória Social, Rio de Janeiro, Brasil

luizdmagalhaes@gmail.com 

Francisco Ramos de Farias, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professor titular

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Programa de Pós-Graduação em Memória Social, Rio de Janeiro, Brasil

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BRANCO sai, preto fica. Direção e roteiro de Adirley Queirós. Produção de Denise Vieira e Adirley Queirós. Ceilândia: CEI-Cine, 2014. (93 min.)

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Publicado

2024-08-08

Edição

Seção

Artigo