A capital e o interior: influências da criação de Goiânia na urbanização do Mato Grosso de Goiás
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e100085Palavras-chave:
História ambiental, Urbanização, Mato Grosso de Goiás, GoiâniaResumo
Na década de 1930, Goiás passou por transformações históricas significativas em consonância com as mudanças políticas do novo governo do presidente Getúlio Vargas. A ambição de criar uma nova capital para substituir a antiga teve, ao mesmo tempo, vontade política e econômica. Nesse período, alguns políticos, arquitetos e engenheiros apoiaram a ideia de criação de uma nova “metrópole” que poderia ser construída para aumentar a industrialização e a produção de alimentos no Brasil Central. O modelo de cidade progressista foi a preferência da maioria, pela distribuição ordenada dos espaços e pela sua visão sobre sistemas de transporte e produção de energia. Nosso enfoque privilegia o papel da natureza selvagem para justificar o sucesso da construção de uma cidade moderna que atrairia pessoas para explorar os recursos naturais e produzir riquezas. A natureza é destacada também como um ambiente a ser domado e também por outras finalidades uteis ao contexto urbano da nova capital de Goiás. A pesquisa documental se baseou em diferentes fontes e arquivos, com vasto material coletado em jornais da década de 1930, artigos, mapas e reportagens que tratavam da atmosfera que antecedeu a criação e construção de Goiânia. Nosso argumento é que, no cerne do projeto urbano, as questões naturais desempenharam papel histórico importante, seja pela fertilidade do solo, pela topografia e a disponibilidade de rios.
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