A pluralidade dos tempos da escravidão antiga e da escravidão moderna: as temporalidades do sistema escravista mediterrânico sob a perspectiva dos sistemas atlânticos e da segunda escravidão

Autores

  • Marcelo Ferraro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e103923

Palavras-chave:

Escravidão Mediterrânica, Escravidão atlântica, Pluralidade dos tempos históricos

Resumo

O artigo propõe uma reflexão sobre a pluralidade dos tempos da escravidão antiga e da escravidão moderna, a partir do diálogo entre os modelos teóricos do Sistema Escravista Mediterrânico, dos Sistemas Atlânticos e da Segunda Escravidão. Em primeiro lugar, esse artigo revisita a interpretação de Fábio Duarte Joly e José Ernesto Knust sobre as temporalidades da escravidão mediterrânica à luz das perspectivas teóricas e metodológicas da historiografia da escravidão atlântica, com destaque para os estudos de Dale Tomich e Rafael Marquese. O principal objetivo desse texto consiste em expandir o debate proposto por Joly e Knust de modo a incluir as contribuições recentes da historiografia sobre as dimensões políticas, jurídicas e ideológicas da Segunda Escravidão (Atlântica) e avaliar sua interface com a Segunda Escravidão Mediterrânica.

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Publicado

2025-02-20

Como Citar

Ferraro, M. (2025). A pluralidade dos tempos da escravidão antiga e da escravidão moderna: as temporalidades do sistema escravista mediterrânico sob a perspectiva dos sistemas atlânticos e da segunda escravidão. Esboços: Histórias Em Contextos Globais, 31(58), 458–467. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e103923

Edição

Seção

Debate "Escravidão Antiga e História Global"