Visões da queda: motivos edênicos em Minha formação, de Joaquim Nabuco

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DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2019v26n41p104

Resumo

Em sua autobiografia Minha formação, Joaquim Nabuco emprega metáforas como vetores de construção de sentido para a vida autobiografada, assim como para a realidade na qual ela se desenrola. Neste trabalho, analiso o conjunto das ocorrências de metáforas edênicas no livro. Parte-se do entendimento de Hans Blumenberg e Luiz Costa Lima de que o metafórico não é, conforme o entendimento mais convencional, um aspecto ornamental da linguagem, mas um eixo que complementa as carências do conceitual na comunicação humana. Procede-se, em seguida, à análise de passagens onde aparece a metáfora edênica na autobiografia de Nabuco, na tentativa de compreender como suas formas e mecanismos variam dentro de uma mesma obra literária, defendendo, ainda, o seu caráter propedêutico na produção de interpretações sociológicas sobre a história do Brasil.

Biografia do Autor

André Jobim Martins, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestre em História Social pela UFF e doutorando em História social da Cultura pela PUC-Rio

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Publicado

2019-01-30

Como Citar

Jobim Martins, A. (2019). Visões da queda: motivos edênicos em Minha formação, de Joaquim Nabuco. Esboços: Histórias Em Contextos Globais, 26(41), 104–125. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2019v26n41p104

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Artigo