“A gente faz um zongo aqui”: migrações contemporâneas ganesas e apropriações urbanas (2014-2020)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2021.e72513Resumo
O presente artigo analisa os recentes fluxos migratórios de ganeses que se deslocaram de zongos, assentamentos étnico-religiosos na região de Gana, para a cidade de Criciúma, na região Sul do Brasil, entre 2014 e 2020. Intenta-se compreender, com base na ideia de uma “cultura da itinerância”, as dinâmicas migratórias forjadas no contexto histórico de deslocamento desses sujeitos e a forma como os migrantes ganeses reconstituem suas identidades étnicas em trânsito. A hipótese defendida é a de que o modo como esses migrantes se inserem na cidade – formando, de um lado, espaços tensionados próprios para ganeses provenientes de zongos, logo fiéis ao islã e falantes da língua hauçá, e, de outro, para ganeses não zongorianos, especialmente da etnia axânti – representa uma extensão das tensões de organização social e histórica do local de origem: Gana. Assim, o artigo procura apontar como, em deslocamento, ganeses zongorianos de diversas etnias e ganeses axântis reforçam e ressignificam suas identidades, reproduzindo em trânsito dinâmicas sociais de separação espacial e cultural na sociedade de acolhimento – no caso estudado, Criciúma.
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