Tempo em Fragmentos: distopia, temporalidade e consciência histórica na era digital

distopía, temporalidad y conciencia histórica en la era digital

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2022.e82851

Palavras-chave:

Atualismo, Consciência histórica, Distopia

Resumo

Podemos compreender a escrita da história como esforço criativo de configuração de imagens para representar o movimento do tempo, observando a mudança das coisas e a passagem deste tempo. Por meio de narrativas que entrelaçam acontecimentos e tramam enredos historiográficos, a história torna o tempo inteligível, acessível e compreensível quando transformado em temporalidade. O objetivo do presente artigo é buscar conceitos capazes de iluminar esse processo de temporalização do tempo na contemporaneidade, marcado pela ação dos sujeitos no espaço digital, pela presença de tecnologias que aumentam significativamente a velocidade da produção e troca de informação e ampliam as formas de comunicação. Para isso, pretendemos tensionar o conceito de “Atualismo” (ARAÚJO;  PEREIRA, 2018), relacionando-o com a estrutura do espaço digital. Acreditamos que tal noção tem o potencial de provocar questionamentos capazes de impactar diretamente o fazer historiográfico no século XXI, tendo em vista a forma como o tempo é percebido e temporalizado. Vislumbramos, nesse cenário, que os desafios que o atualismo propõe aos historiadores giram em torno de dois aspectos: o domínio do espaço digital e a reflexão acerca da possibilidade de estarmos diante da percepção de tempo fragmentado e da configuração de uma consciência histórica cada dia mais distópica.

Biografia do Autor

Isabela Gomes Parucker, Universidade de Brasília (UnB)

Mestre em História. Doutoranda em História, Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília – PPGHIS/UnB, Brasília, DF, Brasil.

Daniela Linkevicius de Andrade, Universidade de Brasília (UnB)/ Leibniz-Institut für Europäische Geschichte (IEG)

Mestre em História. Doutoranda em História, Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília – PPGHIS/UnB, Brasília, DF, Brasil.

Referências

ARAÚJO, Valdei Lopes de; PEREIRA, Mateus. Atualismo 1.0: Como a ideia de atualização mudou o século XXI. Ouro Preto: SBTHH, 2019.

BACCOLINI, Raffaella; MOYLAN, Tom. “Dystopia and Histories”. In: BACCOLINI, Raffaella; MOYLAN, Tom (Eds.). Dark Horizons: Science Fiction and the Dystopian Imagination. Routledge: New York, 2003, p.1-12.

BARROS, José D’Assunção. História, espaço e tempo: interações necessárias. Varia História (UFMG), Belo Horizonte, vol. 22, nº 36, p. 460-476, jul/dez 2006.

BENTIVOGLIO, Júlio. História e Distopia: A imaginação distópica no alvorecer do século 21. Vitória: Editora Milfontes, 2019.

BERARDI, Franco. Depois do Futuro. São Paulo: Ubu Editora, 2019.

BROOKER, Charlie. (Produtor). Black Mirror. Londres: Produtora Zeppotron e Channel 4.

BRÜGGER, Niels. Connecting textual segments: A brief histpry of the web hyperlink. In. BRUGGER, Niels (ed.). Web 25: Histories from the First 25 Years of the World Wide Web. New York: Peter Lang, 2017, p. 5.

BRÜGGER, Niels. The Archived Web: Doing History in the Digital Age. London: the MIT Press, 2018

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 8ª ed. (Trad. Roneide Venancio Majer). Vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

COHEN, Daniel J., e Roy ROSENZWEIG. Digital history: a guide to gathering, preserving, and presenting the past on the Web. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2005.

COMTE-SPONVILLE, André. Apresentação da filosofia (Trad. Eduardo Brandão). São Paulo: Martins Fontes, 2002.

COMTE-SPONVILLE, André. ¿Qué es el tempo? Barcelona: Andrés Bello, 2001.

D’ALLONNES, Myriam Revault. El poder de los comienzos: Ensayos sobre la autoridade. 1ª ed. Trad. Estela Consigli. Buenos Aires: Amorrortu, 2008.

FARIA, Daniel Barbosa Andrade de. Anamorfose de um dia: o tempo da história e o dia 11 de dezembro de 1972. História da Historiografia, v. 1, p. 11-29, 2015.

GANDASEGUI, V. D. Black Mirror: el reflejo oscuro de la sociedad de la información. Teknokultura, 11(3), 583-606, 2014.

GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora UNESP, 1991.

KOSELLECK, Reinhardt. Estratos do tempo. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Contraponto, 2014.

KOSELLECK, Reinhardt. Futuro Passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereita. 3ªed. Rio de Janeiro: Editora PUCRio, 2012.

PELBART, Peter Pál. Rizoma temporal. São Paulo: ECidade, 2020.

POMIAN, Krysztof. Tempo/temporalidade. Enciclopedia Einaudi, v. 29. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1993.

RIGNEY, Ann. "When the monograph is no longer the medium: Historical narrative in the online age". History and Theory, 49(4), (December - 2010), 100-117.

RÜSEN, Jorn. (Trad. Estevão de Rezende Martins). Razão histórica: teoria da história fundamentos da ciência histórica. Brasília, UNB, 2001.

SANTAELLA, L., & GABRIEL, M. Por que Black Mirror dá muito o que pensar?. Revista Diálogo Educacional, 19(62), 932-947, 2019.

SARGENT, Lyman Tower. “The Three Faces of Utopianism Revisited”. Utopian Studies, Pensilvânia, vol. 5, n. 1, p. 1-37, 1994.

VAN DIJCK, José. The Culture of Connectivity: a critical history of social media. New York: Oxford University Press, 2013.

VITALI-ROSATI, Marcelo. On Editorialization: Structuring Space and Authority in the Digital Age. Amsterdam: Institute of Network Cultures, 2018.

Downloads

Publicado

2022-06-09

Como Citar

Parucker, I. G. ., & Andrade, D. L. de. (2022). Tempo em Fragmentos: distopia, temporalidade e consciência histórica na era digital: distopía, temporalidad y conciencia histórica en la era digital. Esboços: Histórias Em Contextos Globais, 29(50), 152–169. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2022.e82851

Edição

Seção

Dossiê "Radical History em contextos globais"