Ditadura militar e o giro ético-político: os corpos silenciados pelo discurso hegemônico na MPB
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e100661Palabras clave:
Ditadura Militar, MPB, TransmodernidadeResumen
A historiografia canônica sobre a Ditadura Militar, geralmente oriunda do Sudeste do país, adota uma postura geopoliticamente situada e pretensamente neutra ao destacar as perseguições e resistências em setores formados por estudantes, professores, intelectuais e artistas, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. Contudo, negligenciam frequentemente os impactos do regime no cotidiano de pessoas negras e queer residentes nas periferias das grandes cidades, dos habitantes rurais das regiões mais empobrecidas, como no caso do Nordeste, das comunidades indígenas e quilombolas. Como consequência, a historiografia sobre música, vinculada direta ou indiretamente a esta conjuntura pela MPB, sofre os efeitos de uma perspectiva de escrita majoritariamente ligada aos interesses de um sujeito branco, masculino, hétero, cis, de uma classe social emergente, relegando aos corpos dissidentes um lugar de subalternidade. Neste artigo refletimos acerca dessa questão com base na produção do chamado Pessoal do Ceará. Para isso, mobilizamos o conceito de transmodernidade, do filósofo argentino Enrique Dussel e do filósofo colombiano Santiago Castro-Gómez. Acreditamos que a abordagem do tema a partir de uma perspectiva do pensamento decolonial funciona como uma provocação que tenciona e enriquece a nossa agenda de problemas referentes aos domínios da Teoria da História e da História da Historiografia.
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